Pesquisa inédita tenta salvar tamanduás dos atropelamentos

Uma pesquisa inédita no Brasil está sendo desenvolvida para reduzir atropelamentos e mortes de tamanduá-bandeira nas estradas que cortam o Mato Grosso do Sul. Por meio de armadilhas fotográficas e monitoramento via GPS, o “Bandeiras & Rodovias” vai estudar o comportamento dos animais, o impacto das rodovias em suas vidas e propor medidas para reverter o cenário.

A iniciativa tem parceria do IPÊ (Instituto de Pesquisas Ecológicas) e do Icas(Instituto de Conservação de Animais Silvestres). Dividido em três etapas, o projeto será desenvolvido até 2020.

A primeira fase vem sendo realizada desde janeiro deste ano, com monitoramentos quinzenais para quantificar os atropelamentos e analisar o impacto das rodovias na vida desses animais.

“A proposta é também avaliar a influência da abertura de estradas e do tráfego de veículos na movimentação e comportamento dos tamanduás, com monitoramento por meio de GPS”, explica Gabriel Favero Massocato, biólogo e um dos pesquisadores. 

A segunda etapa pretende identificar as consequências das rodovias na saúde e densidade populacional da espécie, com armadilhas armadilhas fotográficas perto e distantes das estradas e necropsia de carcaças. 

A terceira e última etapa está relacionada ao manejo das rodovias, com a sugestão de estratégias e diretrizes de manejo paisagístico para mitigar os efeitos negativos do crescimento urbano e diminuir os atropelamentos e mortes.

“Também estamos fazendo entrevistas para conhecer a percepção dos caminhoneiros e moradores rurais sobre a espécie. Há relatos de que algumas superstições fazem as pessoas considerarem o tamanduá um símbolo de mau agouro”, destaca o pesquisador.

Sinal de alerta – O tamanduá-bandeira é mais uma “vítima” do processo de urbanização no Cerrado. Nos últimos 35 anos, o bioma teve metade de seu território convertido em áreas agropecuárias, afetando o habitat natural de várias espécies.

Pesquisas realizadas pelo IPÊ, mostram que o tamanduá-bandeira é a terceira espécie que mais sofre atropelamentos nas rodovias sul-mato-grossenses. Entre 2013 e 2014, foram encontradas 135 carcaças, ficando atrás somente de cachorro-do-mato e tatu-peba.

É considerado vulnerável à extinção e foi incluído na lista vermelha das espécies, de acordo com o IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza).