Os dois primeiros dias do outono deixaram a sensação de que a transição do verão para o inverno ainda vai demorar um pouco para acontecer em Campo Grande. A temperatura média na cidade tem ficado na casa dos 33 ºC, mas mesmo com o calorão, muitos moradores ainda afirmam que 'não estão com nenhuma saudade do frio'.

Seu José Pedro Silva, de 60 anos, por exemplo, disse que a temperatura elevada não só é mais gostosa, como também impulsiona suas vendas. “Eu estou aqui na praça há 16 anos e no frio eu perco a freguesia. Quase ninguém para para comprar água, refrigerante e muito menos sorvete”, disse.

O vendedor ainda destacou a instabilidade climática do Estado, que impede as pessoas de se programarem. “A gente acha que vai ter sol o dia todo e traz mais mercadoria. Daí chove. Aí quando você jura que vai chover, aparece aquele sol. É bem complicado”, afirmou.

O aposentado Erme Vieira, de 66 anos, também repetiu o discurso, dizendo que antes era possível saber a época da estiagem e de chuvas, e agora isso é praticamente impossível. “Agora é tudo muito doido. Nem a meteorologia consegue prever quando chove ou não. Mas de qualquer forma, eu ainda prefiro o calor, porque você toma um banho e esta tudo certo. No frio é ruim fazer qualquer coisa. Acordar, tomar banho”, explicou.

O único a declarar que prefere as temperaturas mais baixas foi o técnico de informática Alexandre Mizutani, de 38 anos, que veio do interior de São Paulo. “Eu já morei fora do país, vi a neve de perto e conheci o que é frio de verdade. Lá fora o clima é acentuado, com temperaturas compatíveis a cada estação. No Brasil até as estações são uma bagunça”, afirmou, ao culpar a população pelas alternações climáticas.

Segundo o Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo, do Clima e dos Recursos Hídricos de MS) as chuvas começam a diminuir, principalmente na região norte e as temperaturas devem ficar mais amenas, só que as mínimas só ficarão mais baixas mesmo a partir de maio.