As obras inacabadas, visitadas na manhã desta quarta-feira (13) por vereadores da Câmara Municipal, totalizam exatos R$ 8.269.702,78 em contratos para construção. Deste valor, R$ 4.63.1432,00 já foram pagos, e maior parte das obras estão concluídas, conforme último relatório de obras apresentado pela Prefeitura.

O Ceinf (Centro de Educação Infantil) do Jardim Talismã, por exemplo, teve construção iniciada em 2012, porém, parou seus trabalhos com 65% da obra concluída. Seu projeto inicial custava R$ 2.049.419,07, dos quais já foram pagos R$ 943,682,69. Com a paralisação, o prédio está deteriorado pela ação do tempo e teve muitos materiais roubados após abandono.

Durante as visitas, além dos prejuízos financeiros, os vereadores observaram o risco de saúde pública provocado pelas obras, considerando o lixo e até mesmo focos do mosquito da dengue, encontrados.

Diferente do Jardim Talismã, o Ceinf Nascente do Segredo estava fechado para acesso, ainda assim, foi possível perceber o descaso, tanto pela altura do mato, como por um vazamento de água que saía por baixo do portão. Também iniciada em 2012, a obra já gastou R$ 1.021.508,83 e teve apenas 53% do serviço foi executado. Vale ressaltar que no projeto inicial, o custo total seria de R$ 2.024.629,00, mas recebeu aditivo de R$ 506 mil, passando para R$ 2.530.629,00.

A terceira visita ocorreu no bairro Jardim Presidente, onde a construção de uma UBSF (Unidade Básica de Saúde da Família) foi encontrada completamente abandonada e também de portões fechados. Moradores próximos dali, ressaltaram a preocupação com a dengue e necessidade de conclusão da obra para o bairro.

“Ninguém cuida de nada. Não limpam, não cortam o mato. É reduto para usuários de drogas e ladrões, que já levaram tudo que podiam. O que era para trazer saúde, na verdade é um perigo para toda população, especialmente para as crianças”, desabafou a moradora Thays Cristian, de 22 anos, ressaltando que a filha, de apenas 3 anos foi diagnosticada com suspeita de dengue, há dois dias.

Orçada em R$ 1.247.066,67, a UBSF já gastou R$ 1.142.915,39 dos recursos. Segundo moradores, a obra está paralisada há aproximadamente dois anos.

Por último, os vereadores seguiram para o Jardim Anache, onde visitaram a construção inacabada de um Ceinf, cujo projeto inicial estava avaliado em R$ 2.109.985,00. O contrato recebeu aditivo de R$ 506 mil, passando para R$ 2.442.588,04, dos quais já foram gastos R$ 1.523,325,09. Segundo relatório da Prefeitura, que justifica paralisação por “falta de recursos”, 70% do projeto está concluído.

 

A obra do Ceinf estava com portões abertos e foi possível o acesso dos vereadores com a imprensa. No local, foram encontrados diversos focos de mosquito da dengue, além de lixo e muito mato. Marcas deixadas na obra, também causaram impressão de roubo a pisos, divisórias de banheiros e outros acessórios de construção.

De acordo com último levantamento feito pela Prefeitura, em março de 2015, haviam 152 obras inacabadas em Campo Grande. Conforme os vereadores da Comissão Permanente de Obras, atualmente há mais de 150 obras de Ceinfs e unidades de saúde paralisadas nos bairros Oliveira, Tijuca, Noroeste, Nashville, Nova Jerusalém, Radialista, Leon Denizart Conte, Anache, Sarandi, Inápolis, Zé Pereira, Nascente do Segredo, entre outros.

Durante audiência pública realizada na Câmara Municipal, no último dia 7, para discutir a morosidade no andamento de obras da Capital, o gerente regional da Caixa Econômica Federal sinalizou que a Prefeitura terá de devolver o dinheiro liberado, por meio de convênios, caso não conclua as obras que contam com recursos federais.

Participaram das visitas, os vereadores Chiquinho Telles (PSD), Carlão (PSB), Carla Stephanini (PMDB) e os petebistas Chocolate e Edson Shimabukuro. Em todas as obras citadas, a fonte dos recursos são do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), com contrapartida da Prefeitura, e complemento através de convênios. Em nenhum dos locais visitados foram encontrados guardas municipais ou funcionários do poder público.