Desde a execução do comerciante Jorge Rafaat Toumani, no Centro de Pedro Juan Caballero, em 2016, o domínio de facções passou a aterrorizar a fronteira sul-mato-grossense.

Número de mortes violentas cai, apesar de guerra na fronteira e entre facções
Carro metralhado no centro de Pedro Juan Caballero; submundo do crime em guerra constante. / Foto: Arquivo/Campo Grande News

Narcotraficantes e líderes de facções criminosas travam guerra pelo domínio na fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai e patrocinam execuções de rivais em Campo Grande, mas nas estatísticas, as mortes violentas tiveram redução de 10,2% em Mato Grosso do Sul entre 2016 e 2017.

Os dados aparecem em levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, organização de pesquisadores da área que compila dados de secretarias estaduais de segurança e das polícias Civil e Militar de todos os estados.

O critério para a soma de mortes violentas inclui homicídios dolosos, latrocínios, lesões corporais seguidas de morte, mortes de policiais em confrontos e mortes decorrentes de intervenções policiais.

As mortes violentas em Mato Grosso do Sul caíram de 622 em 2016, para 565 em 2017. Em Campo Grande, os registros também permaneceram em queda, de 162 em 2016, para 120 em 2017, variação de -26,8%.

Segundo o fórum, o conceito é considerado um indicador mais avançado para medir a violência no país em relação somente aos homicídios dolosos, por exemplo, comumente divulgados por estados. O somatório de mortes violentas é feito desde 2013 —por isso, não é possível comparar com os balanços dos anos anteriores.

Os estados mais violentos, segundo o 12º Anuário Brasileiro de Segurança Pública divulgado nesta quinta-feira (9), são Rio Grande do Norte, Acre e Ceará.

Guerra na fronteira - A constatação considera exatamente o ano em que, depois da execução de Jorge Rafaat Toumani, no Centro de Pedro Juan Caballero, em 2016, o domínio de facções passou a aterrorizar a fronteira sul-mato-grossense. As execuções à luz do dia, que sempre existiram na divisa entre as duas cidades, passaram a ser mais frequentes.

Rafaat era empresário respeitado do lado paraguaio, mas estava condenado no Brasil por tráfico internacional e na fronteira era conhecido como o "chefão" do crime organizado e, até então, intocável. O assassinato foi uma espécie de "estopim" para briga por território.