Dados da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia mostram que, hoje em dia, há cerca de mil e 400 especialistas na área atuando no país.

Número de geriatras não acompanha envelhecimento da população
Números apresentados na Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa mostram que o Brasil está longe da recomendação da OMS. / Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que haja um médico geriatra para cada mil habitantes. Mas o Brasil está muito longe disso.

Dados da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia mostram que, hoje em dia, há cerca de mil e 400 especialistas na área atuando no país.

O Ministério da Saúde trabalha com número ainda menor: 869 profissionais registrados no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde.

O descompasso entre o número de geriatras e a velocidade do envelhecimento da população foi tema de debate na Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa.

O parlamentar que sugeriu a discussão, deputado Ossésio Silva (Republicanos-PE), salientou a necessidade de ter mais profissionais especializados.

"O Brasil, infelizmente, não se preparou para envelhecer. Nós temos essa dificuldade hoje de ter profissionais qualificados para cuidar de idosos", disse.

Saúde da Família
A coordenadora de Saúde da Pessoa Idosa do Ministério da Saúde, Elizabeth Bonavigo, reconheceu a escassez de especialistas e ressaltou a importância da presença dos geriatras nas equipes multiprofissionais do programa Saúde da Família.

A prevenção pode fazer a diferença na saúde dos mais velhos.

Segundo Leonardo Pitta, representante da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, o custo da internação por habitante no Sistema Único de Saúde (SUS), na faixa etária entre 20 e 50 anos, é em média de R$ 350 por dia; na faixa acima de 80 anos, sobe para R$ 1.400.

E o tempo de internação dos mais velhos nas unidades do SUS, em média de uma semana, pode chegar a 100 dias se houver alterações de comportamento ou uma nova incapacidade.

Currículos
Para o geriatra Alexandre Kalache, do Centro Internacional da Longevidade, os currículos universitários ainda não refletem o envelhecimento do país.

Segundo ele, os médicos em formação aprendem mais sobre crianças e mulheres grávidas do que sobre os idosos.

"O que a gente tem que mudar radicalmente é como a escola médica tem que formar profissionais da saúde para o século XXI, aprendendo desde anatomia, fisiologia, fisiopatologia, farmacologia, dosagem de medicamentos, apresentação de doenças.

Tudo muda à medida em que uma pessoa envelhece".

O representante da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia aponta como uma das soluções para acompanhar o envelhecimento da população a criação de unidades de internação geriátrica em hospitais de média complexidade.

Ele ressalta que, atualmente, não há profissionais em número suficiente para formar essas equipes especializadas.