No bairro mais populoso, parque é lar de pombos e vive "abre e fecha"
Pombo faz estrutura metálica do ginásio de abrigo. Infestação levou à interdição do local.

O quicar da bola de basquete na quadra e o bater de asas dos pombos. Os ruídos no fim da manhã de uma quarta-feira no parque Ayrton Senna, no bairro mais populoso de Campo Grande, se extraem da persistência de um atleta adolescente em busca da cesta perfeita e da insistência das aves que fazem do parque um abrigo.

Com a infestação, o local ficou fechado por seis meses, deixando órfãos os moradores do bairro Aero Rancho. O antídoto também veio voando: quatro gaviões, aliados a armadilhas, recolheram mais de 500 pombos em 30 dias. Hoje, são poucas aves no entorno, mas, de forma gradual, elas voltam para o “dormitório”.

Conforme apurado pela reportagem, elas procuram alimentos durante o dia, fora dos domínios do parque, e retornam em busca de abrigo. A situação é antiga, porém, em junho do ano passado, fez com que o local fosse interditado, no primeiro capítulo de uma novela de abre e fecha.

O fechamento do parque, que tem média diária de 2 mil visitantes, afetou a rotina do estudante Geovanne Bruno César, 13 anos. Ele treina todos os dias, passando cinco horas na quadra, para garantir arremessos certeiros no jogo de basquete. “O parque fez muita falta”, conta o garoto, figura solitária no complexo esportivo por volta de meio-dia na última quarta-feira.

O aposentado Luiz Soarez Garcia, 77 anos, conta que a solução foi fazer caminhada ao redor do parque. “É a opção mais próxima, quase a única”, diz. Ele utiliza a pista de caminhada e os aparelhos da academia ao ar livre. Luiz conta que sente no condicionamento os benefícios da atividade física e do ar mais “puro” da área verde.

No grupo dos frequentadores assíduos do Ayrton Senna, ele avalia que é preciso reforma no parquinho infantil e reabertura das piscinas.