Ninguém é obrigado a morar onde não quer, diz Bernal a retirados de favela

O prefeito Alcides Bernal (PP) visitou na manhã desta sexta-feira (11) moradores que foram transferidos da favela Cidade de Deus para o Bairro Vespasiano Martins. Durante o encontro, que teve momentos de tensão, a prefeitura anunciou os benefícios para as famílias realocadas, além da construção de 300 casas, ao custo R$ 3,6 milhões.  

Cada terreno no Vespasiano Martins foi avaliado pela prefeitura por R$ 40 mil, enquanto que a construção das casas ficará entre R$ 12 mil e R$ 14 mil. A prefeitura entrará com subsidio de 40% destes valores, o restante, 60%, será custeado pelos moradores em um prazo de até 300 meses.

 

O baixo custo da construção se explica porque o material usado será cedido pela prefeitura, que espera que cada morador colabore com os servidores do município no processo de construção das casas. Cada unidade terá dois quartos, sala, banheiro, cozinha e copa acopladas e uma varanda.

Apesar de alegarem satisfação com a proposta da prefeitura, no momento em que o prefeito foi discursar, alguns moradores começaram a gritar ‘viramos sapos na lagoa, nos jogaram aqui sem telha, sem lona em um lugar alagado’, um morador deixou seu lugar foi à frente do palanque e começou a discutir com Bernal.

“Nós estamos em um ambiente tranqüilo e de respeito e de família, buscando a solução de um problema, não deixe que pessoas usem vocês como massa de manobra”, rebateu Bernal, que acalmou os moradores.

O prefeito alegou que existe uma ordem judicial para fazer a retirada dos moradores da Cidade de Deus. “Toda mudança exige sacrifícios”, frisou o progressista, que voltou a deixar irritados as famílias presentes. Bernal elogiou o lugar, destacando a existência de água encanada, esgoto e energia elétrica.

Os moradores vaiaram o prefeito e disseram que estavam saindo de um barraco não para uma casa, mas sim para outro barraco.  Reclamaram do lamaçal e da falta de condições que encontraram.  

As vaias irritaram o prefeito. “Ninguém é obrigado a morar onde não quer. Eu considero esse lugar bom, se não gostar tem muita gente precisando e que quer”, que pediu a identificação de quem estava insatisfeito.

“É fácil falar de quem não gostou, ai você me pegam com quatro crianças e me jogam na rua. O prefeito tem casa dele e eu não”, rebateu uma das beneficiárias presentes, que se identificou apenas como Mariana.

Apesar das reclamações, a prefeitura prometeu entregar as casas 90 dias. Dos 53 terrenos adquiridos, 45 já estão ocupados, e os oito restantes as famílias deverão ocupar em breve.