
A atendente bancária Débora Heloísa Barbosa de Lima, 21 anos, tenta, há quatro meses, se recuperar da morte da filha recém nascida. A menina nasceu prematura, apenas um mês antes da data ideal, e viveu por apenas três dias aguardando vaga de UTI neonatal, todas estavam ocupadas em Campo Grande. É difícil não pensar que a história poderia ter sido diferente. Os médicos fizeram nove solicitações de leito ao poder público, todas em vão.
“Tive uma gravidez normal, sem problema algum. Fiz todo o pré-natal, mas tive um descolamento de placenta. Ela nasceu bem, chorando e apresentava um pouco de desconforto pulmonar”, conta a jovem.
Segundo ela, a equipe da Maternidade Cândido Mariano, onde a cesariana foi realizada, fizeram o possível para salvar a bebê e improvisaram uma pequena incubadora. “Nunca reclamo do atendimento. Ela era bem cuidada. Os profissionais sempre conversavam comigo. Moveram céus e terras para conseguir a vaga”, lembra Débora.
A família, naquele momento, também não pensou em medir esforços para garantir o melhor para a recém-nascida. “Eu cheguei para uma médica e falei que se era dinheiro que eles precisavam, que colocassem na particular, porque ela nasceu pelo SUS, mas ela disse que não tinha divisão nas vagas e estavam todas cheias”.
Um leito na própria maternidade foi liberado no terceiro dia após o nascimento da menina, que até então já tinha apresentado uma parada cardíaca e não resistiu.
Débora teve depressão profunda após a perda da filha e hoje faz tratamento. Quatro meses após a tragédia, decidiu que não ficaria calada diante da inoperância do sistema de saúde e acionou o MPE (Ministério Público Estadual) sendo colocada, segundo ela, como mais um caso em um inquérito que apura falta de vagas para recém-nascidos na rede pública do município.
Ela também conseguiu apoio com um grupo de mães que mantêm um grupo no aplicativo WhattsApp chamado “Unidas por anjos” e outro “De volta à estaca zero”.
“Para mim, a ficha não caiu ainda. Estava tudo pronto para a chegada dela e eu estava preparada para ser mãe, foi um sonho interrompido. Será que naquele dia todas as mães que tiveram seus filhos em estado grave os perderam por falta de vagas?”, questiona.
O Campo Grande News entrou em contato com a Prefeitura de Campo Grande, mas até a publicação desta reportagem, não houve retorno.
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