Mato Grosso do Sul tem sido palco de uma sucessão de tragédias que expõem a fragilidade da rede de proteção à infância.
O assassinato brutal de Emanuelly, de apenas 6 anos, violentada e morta, é apenas o caso mais recente de uma lista que não para de crescer. Antes dela, Sofia, Estrelinha e tantas outras crianças perderam a vida em circunstâncias que poderiam ter sido evitadas.
Mais recentemente, uma menina de 6 anos foi encontrada morta debaixo da cama do suspeito mais um retrato cruel da vulnerabilidade em que vivem milhares de crianças no Estado. Há também as que sobrevivem, mas carregam marcas profundas: chicoteadas, fugindo em desespero para os braços da polícia, ou submetidas a abusos que só vieram à tona após mudanças de comportamento identificadas por professores.
O padrão é sempre o mesmo: denúncias ignoradas, sinais evidentes de risco desconsiderados, demora na atuação do Conselho Tutelar e falhas gritantes de comunicação entre órgãos que deveriam agir em conjunto.
No caso de Emanuelly, registros oficiais apontam que o Conselho Tutelar Sul havia identificado fome, fraturas e outras situações de vulnerabilidade muito antes da morte. As conselheiras chegaram a intervir, mas sem condições estruturais e institucionais para romper o ciclo de violência, ou seja, a ação não foi suficiente. E é exatamente isso que expõe o problema central: um órgão que carrega sozinho responsabilidades imensas, mas sem recursos, protocolos ou articulação para efetivar a proteção das crianças.
O próprio Tribunal de Contas do Estado (TCE-MS) já havia alertado: conselheiros despreparados, infraestrutura precária, ausência de protocolos padronizados e falhas na comunicação com escolas, unidades de saúde e Ministério Público. O diagnóstico é antigo e conhecido, mas permanece sem resposta. Enquanto isso, vidas continuam sendo ceifadas.
Diante disso, perguntas incômodas precisam ser feitas:
Onde estavam os protocolos de resposta rápida?
Até quando crianças precisarão morrer para que autoridades corrijam falhas já apontadas há anos?
Como está funcionando a articulação entre Conselho Tutelar, Polícia, Ministério Público, escolas, saúde e assistência social?
Não se trata apenas de responsabilizar os conselheiros. Trata-se de cobrar do poder público uma rede efetiva de proteção. A sociedade precisa reagir, exigindo mudanças concretas: fiscalização real dos Conselhos, maior investimento em capacitação, protocolos claros de resposta e integração entre os órgãos envolvidos.
Enquanto isso não acontece, crianças em Mato Grosso do Sul seguem vivendo e morrendo à mercê de um sistema que deveria protegê-las, mas insiste em falhar.











Olá, deixe seu comentário!Logar-se!