Conforme a propositora, a moção buscava reconhecer a instituição e rechaçar condutas incompatíveis com o exercício da atividade policial

Moção de protesto contra grito de PM’s causa bate-boca na Câmara: ‘não vou passar a mão na cabeça’
Conforme a propositora, a moção buscava reconhecer a instituição e rechaçar condutas incompatíveis com o exercício da atividade policial / Foto: Divulgação, CMCG)

Uma moção de protesto apresentada pela vereadora Luiza Ribeiro, do PT, contra o grito de guerra de soldados da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul causou bate-boca com parlamentares do PL na Casa de Leis, durante sessão nesta terça-feira, 05 de agosto.

O debate acalorado se deu em torno da intenção da parlamentar ao criticar as palavras violentas entoadas por soldados da corporação, que durante treinamento cantaram ‘bate na cara, espanca até matar. Arranca a cabeça dele e joga ela pra cá’. O grito de guerra continua: ‘o interrogatório é muito fácil de fazer. Eu pego o vagabundo e bato nele até morrer’. Por fim, o grupo declara que a PM de Mato Grosso do Sul é ‘a tropa que cancela CPF’

De acordo com a vereadora petista, a moção de protesto buscava reconhecer a instituição e rechaçar condutas incompatíveis com o exercício da atividade policial.

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“A nossa moção apoia a PM. Respeito ao ser humano. Eles erraram e não vou passar a mão na cabeça. Aqui no PT não vamos arrancar a cabeça no interrogatório. Vamos ouvir com advogado, de acordo com a constituição brasileira. Não podemos deixar que MS que teve pico de 390 mortes com intervenção militar, mesmo diminuindo estamos no topo. Não podemos passar pano”, disse.

Entretando, parlamentares do PL contrariados com a iniciativa criticaram a moção alegando que a indicação defende criminosos.

“Case com alguém que te defenda igual o PT defende bandido”, disse o vereador Rafael Tavares. A colega de partido Ana Portela também questionou a iniciativa da petista dizendo que “é fácil defender bandido no ar- condicionado”.

Ao ser atacada por Tavares, Luiza afirmou que o vereador teria iniciado a sessão ordinária que retomou os trabalhos legislativos após o recesso parlamentar “defendendo anistia para bandido e criticando o STF (Supremo Tribunal Federal)”.

“Estamos aqui contra apologia de crime, mesmo que seja em grito de guerra. Queremos enaltecer a polícia e não que nos envergonhe”, afirmou Luíza, que defendeu que o próprio governador Eduardo Riedel chegou repudiar o ato, reconhendo eventuais irregularidades e determinando que se tais condutas fazem apologia ao crime devem ser apuradas. “É só isso que queremos. Queremos aplaudir a PM, mas não podemos esquecer que ouve excessos desse determinado grupo”, disse Luiza durante a votação, que ainda segue tramitando na Casa.

Repercussão no parlamento
Para outros parlamentares que ficaram fora do bate-boca, o avanço da pauta não deve caminhar para aprovação da moção.

Na visão do republicano Herculano Borges, a PM de MS é reconhecida nacionalmente e que o grito foi entoado dentro de um quartel. “Mesmo na fronteira faz um ótimo trabalho. Não tem como apoiar a criminalidade. Se vota contra a PM, acaba votando a criminalidade”, disse.

“A nossa polícia é a melhor. Ela não se resume ao grito de guerra e sim ao trabalho que faz”, disse professor Juari sugerindo que o vídeo que teve grande repercussão, foi retirado de contexto.

Para Júnior Coringa não cabe a moção. “Eles estavam em um ambiente que precisa ser como se fosse para uma guerra. O policial precisa estar preparado para enfrentar o que encontra pelos bairros. Podemos ainda debater a maioridade penal. Tem menor matando. É preciso ter firmeza e apoiar a corporação. Muitas pessoas não fazem BO por falta de estrutura”, disse o vereador.

Já o colega petista Landmark Rios disse que não vai mudar a posição na Casa de Leis.

“Nós temos um debate que foi distorcido na Casa. Luiza trouxe pesquisas. Eu sou a favor da vida. Eu defendo a vida e não a morte ou a tortura. Eu tenho muitos amigos dentro da polícia. Sou a favor delas, mas o debate é a forma de como está sendo com o estudante da polícia”, disse.