Criança de 11 anos será ouvida em escuta especializada na DEPCA.

Menina testemunhou morte de mãe e pediu socorro por WhatsApp
Delegadas Elaine Benicasa e Marianne Cristine durante coletiva de imprensa na manhã desta segunda-feira (22). / Foto: Antonio Bispo

A filha de 11 anos de Andressa Fernandes Teixeira, 29, atropelada e morta pelo marido, Willames Monteiro dos Santos, no sábado (20), será ouvida em escuta especial. A menina é testemunha da morte da mãe e após presenciar o crime, a criança mandou mensagem no grupo da família pedindo ajuda.

Durante coletiva de imprensa na Deam (Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher), nesta segunda-feira (22), a delegada Marianne Cristine de Souza revelou que, durante depoimento, Willames Monteiro dos Santos, suspeito pelo crime, se mostrou arrependido e afirmou que não queria matar a esposa. “Ele chorou no início do interrogatório, disse que não teve intenção, mas a fala da testemunha principal contrapõe tudo isso', disse.

Ainda segundo a delegada, Willames afirmou que ele e a esposa estavam bebendo em casa, quando começaram a discutir porque ele queria sair para comprar mais cerveja. Andressa tentou evitar, devido ao estado de embriaguez do marido, mas foi atropelada e arrastada cerca de 10 metros.

“Ela estava sentada no portão da residência com os filhos, na calçada, quando ele entrou no carro que estava na garagem, deu ré, atingiu o portão e arrastou a esposa por cerca de 10 metros em via pública', detalhou Marianne.

A vizinha do casal e testemunha do crime disse em depoimento que Willames só parou o veículo Volkswagen Polo quando ela chegou e avisou que a vítima estava presa embaixo do carro. “Segundo a vizinha, ela chegou a dizer para o suspeito ‘você vai matar ela, pensa nos seus filhos’ e ele respondeu ‘que se dane’', relatou a delegada.

Após o crime, a filha do casal informou aos familiares através de mensagem no grupo de WhatsApp, tempos depois, os parentes chegaram na casa e retiraram a vítima de baixo do veículo. “O socorro foi acionado, mas quando chegou a vítima não tinha mais sinais vitais', afirmou a autoridade.

Sobre o fato de o homem ter contado com a ajuda dos familiares para esconder o carro, a delegada disse que o fato está sendo apurado e se for confirmado, os envolvidos serão responsabilizados. “Ele não tentou fugir, mas resistiu à prisão. Contra ele não havia nenhuma condenação criminal', concluiu.

O casal tem dois filhos juntos, um menino de 3 anos e a menina de 11. A criança mais velha será ouvida em escuta especializada na DEPCA (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e Adolescente).

De acordo com a delegada titular da Deam, Elaine Benicasa, no ano passado, a vítima registrou boletim de ocorrência de vias de fato contra o marido, mas desistiu da denúncia.

“Não havia registro de boletim de ocorrência recente, apenas um em 2023, onde a vítima sequer pediu medida protetiva. Ela deixou a delegacia durante atendimento por motivo desconhecido', disse Benicasa.

O crime - Após ser atropelada pelo marido, Andressa ficou presa embaixo de carro rebaixado. Segundo relato de testemunha ao Campo Grande News, a vítima tentou impedir que o homem saísse dirigindo bêbado de casa e, para isso, se sentou na frente do portão, na calçada. O marido deu ré no carro e ela morreu esmagada pelo veículo.

O crime ocorreu na noite deste sábado (20), na Avenida Cinco, no Bairro Nova Campo Grande.

De acordo com a vizinha do casal e amiga de Andressa, que preferiu não se identificar, os dois sempre bebiam nos finais de semana e acabavam discutindo. “Ele se alterava e dava uma de 'bravão'', contou.

No sábado por volta das 22h, a mulher ouviu o casal discutindo e, em seguida, um barulho muito alto no portão. Ela saiu para ver o que estava acontecendo. Quando chegou em frente à residência da família, a filha de 11 anos dos dois gritava: “Pai, pelo amor de Deus, para'.

Conforme relatado pela vizinha, Willames queria sair com o carro Volkswagem Polo, mas como estava bêbado, Andressa tentou impedir que ele tirasse o veículo da garagem. “Ela saiu de casa e sentou na frente do portão, de costas para a casa e de frente para a rua. O portão estava fechado ele deu ré com tudo, estourou o portão e passou por cima dela', contou a cena que presenciou.

A mulher informou que Andressa ficou presa embaixo do carro. “Eu gritava para ele parar, ele tentou ir um pouco para frente com o carro, e eu falei para ele parar com isso'.

A residência do casal fica próximo a uma lanchonete. Clientes do estabelecimento que viram o crime tentaram conter Willames, enquanto a vizinha chamava o socorro e a polícia.

Enquanto a mulher acionava o Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar, Willames ligou para dois familiares que foram até o local e tiraram o carro da cena do crime. “Os três ergueram o carro, eu achei que era para tentar tirar ela de lá, mas não, os familiares dele levaram o carro e esconderam', afirmou a vizinha.

Quando os bombeiros chegaram, Willames estava alterado e foi contido pela equipe até a chegada dos policiais.

A Polícia Civil e perícia foram acionadas, quando a delegada da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) chegou e perguntou onde o veículo estava, a vizinha contou que os familiares do suspeito haviam escondido.

O carro foi localizado escondido em uma rua próximo ao local do crime. O homem foi preso em flagrante e indiciado por feminicídio.