Levantamento aponta que 32% das micro e pequenas empresas deram férias coletivas.

Mais de 31% das empresas já demitiram funcionários
Já há registros de demissões em vários setores. / Foto: Valdenir Rezende/Correio do Estado

Pesquisa do Sebrae sobre os impactos do novo coronavírus (Covid-19) na vida das micro e pequenas empresas, aponta que 31,58% das empresas já precisaram demitir funcionários. Já a média de demissões, conforme o levantamento, é de 2,3 colaboradores por empresa.

Os estabelecimentos estão, em média, há 17 dias sem abrir as portas e a média de funcionários é de 5,8 pessoas.  

Sobre a situação dos funcionários, a pesquisa aponta que 31,58% das empresas precisaram demitir nos últimos 15 dias, enquanto 39,47% disseram que não e outros 28,95% não possuem funcionários. A média de colaboradores demitidos ficou em 2,3 por empresa.

Entre as atitudes tomadas neste período, 32,08% das empresas deram férias coletivas para os empregados. Já os que adotaram a suspensão do contrato de trabalho somam 20,75%.  

Os que reduziram a jornada e o salário são 3,77% e os que ainda não tomaram nenhuma das medidas são 49,06%.

Segundo a analista técnica do Sebrae-MS, Vanessa Schmidt, o olhar para o futuro vai depender muito das medidas que estão sendo tomadas hoje para conter a pandemia no MS.  

“É importante seguirmos as orientações das autoridades em saúde, a fim de que o processo de disseminação do vírus possa ser contido de forma mais rápida,e a situação econômica seja afetada por menos tempo. Quanto antes conseguirmos começar a voltar a uma vida normal, menor será o impacto sobre os negócios. Caso a pandemia não seja controlada e as medidas de restrição de circulação precisem ser estendidas, inevitavelmente mais negócios serão afetados”, informou.

Para a economista do Instituto de Pesquisa da Fecomércio (IPF –MS), Daniela Dias, o cenário pode se agravar caso consumidores e empresários não atuem de forma conjunta.

“A gente pode ter um cenário pior caso a pandemia não seja controlada. É por isso que a gente precisa que os consumidores sejam conscientes, os empresários estão fornecendo os mecanismos de higiene, mas os consumidores precisam evitar aglomerações e tomar as medidas de precaução. Isso é um ciclo, se a pessoa não está empregada, logo ela não consome e a economia não gira”.  

ALTERNATIVAS

Com a adoção de isolamento social, 86,21% das empresas declararam a queda no faturamento, 6,90% dos entrevistados disseram que permanecem com a mesma média, 1,15% afirmam que aumentaram a lucratividade e 5,75% ainda não sabem.

Quanto às alternativas para minimizar os efeitos da crise, Daniela ressalta que os empresários precisam se adaptar para amenizar os impactos desse novo cenário da economia mundial.  

“O consumidor tem a necessidade de permanecer o maior tempo possível em casa. E enquanto consumidor eu preciso de uma experiência de consumo, para que eu consiga suportar esse momento e evitar ir à loja física. O empresário precisa atuar na venda on-line, nas entregas em domicílio, para que a gente possa amenizar o número de demissões”, disse a economista.  

A analista técnica do Sebrae diz que é importante que o empresário avalie o cenário de sua empresa pensando especialmente em mercado e fornecedores.  

“O olhar para os fornecedores está relacionado à redução dos custos de produtos e serviços. Com relação ao mercado, é importante verificar se a empresa pode continuar operando em novos formatos: trabalho a distância, novos canais de comercialização, etc. Traçar novas alternativas para que o cliente continue consumindo é fundamental. Comunicar as medidas que a empresa está adotando para que o produto/ serviço chegue ao cliente com segurança, para que os funcionários trabalhem com segurança, entre outras”, contextualizou Vanessa.

PERFIL

A maioria destas micro e pequenas empresas atuam no segmento de serviços (49,33%), enquanto o comércio é o ramo de 44% delas e 6,67% estão no setor industrial.

Quanto ao ramo de atuação, 17,33% está inclusa em alimentação e bebidas, 10,67% no comércio varejista, beleza (10,67%),construção civil (9,33%), saúde (9,33%), moda (8%), educação (6,67%), economia criativa (5,33%), oficinas e peças automotivas (2,67%), logística e transporte (2,67%), pet shops e serviços veterinários (2,67%), turismo (1,33%) e outros ramos somam 13,33%.

A maior parte das empresas (34,67%) existe há mais de dez anos, as que abriram as portas entre cinco e dez anos são 22,67%, que tem entre dois e cinco anos de existência, 24% e 18,67% existem há menos de dois anos.

Considerando o perfil destes empresários, a maioria (50,67%) são homens e 49,33% mulheres.  

A faixa etária da maior parte está entre 36 e 45 anos (37,33%), seguido de pessoas que tem entre 46 e 55 anos (29,33%), entre 25 e 35, 24%, os empresários que tem entre 56 e 65 anos são 8% e com até 24 anos, 1,33%.