Crianças precisam de estímulos e terapias para desenvolver funções cerebrais, mas famílias vem encontrando dificuldade. Na Fundação Altino Ventura, há 165 bebês na fila de espera por atendimento.

Mães promovem show para conseguir tratamentos de bebês com microcefalia
Jaqueline Vieira e Germana Soares tiveram filhos após ter zika na gravidez / Foto: Reprodução/TV Globo

Mães de bebês que nasceram com microcefalia denunciam que crianças estão parando o tratamento por falta de atendimento nos hospitais públicos de Pernambuco. Para auxiliar no tratamento das crianças que nasceram com a síndrome congênita do zika, um show vai ser realizado, nesta terça-feira (20), na sede da União de Mães de Anjos, na Rua André Dias Figueiredo, no Barro, Zona Oeste do Recife.

Os ingressos para o show custam R$ 5. No evento, se apresentam as cantoras Cristina Amaral e Nena Queiroga, além do Coral Reviver e da Quadrilha Inclusiva. Segundo as mães dos bebês com microcefalia, os filhos estão ficando sem os estímulos necessários, da terapia multidisciplinar, e algumas tentam ajudar com os exercícios feitos em casa, sem a supervisão dos profissionais especializados. Na época mais importante para o desenvolvimento do cérebro, crianças seguem sem assistência.

Daniel, de um ano e cinco meses, nasceu com microcefalia e precisa fazer alguns exercícios para se desenvolver. Ele não está conseguindo vagas nos centros onde os bebês com a síndrome congênita do zika fazem tratamento de fisioterapia, fonoaudiologia, hidroterapia e terapia ocupacional. Há seis meses, Daniel adoeceu, faltou ao tratamento e foi cortado das terapias na Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD) e no Centro de Reabilitação Menina dos Olhos, da Fundação Altino Ventura.

A mãe tenta ajudar com os exercícios que aprendeu com os médicos, mas sabe que o filho está sendo prejudicado. “É complicado, porque a estimulação precoce é importante e, para meu filho, não há tratamento. Então, ele é aquela criança parada no tempo”, diz Jaqueline Vieira, mãe de Daniel.
 
A diretora médica do Centro de Reabilitação Menina dos Olhos, Kátia Guimarães explica que o controle da frequência é necessário, porque há muitas crianças aguardando atendimento. Apenas na instituição, há 165 bebês na fila de espera. “A criança vai pra lista de espera quando, a cada dois meses, quando são reavaliadas, ela tiver mais de três faltas não justificadas”, disse.

A União das Mães de Anjos (UMA) reúne cerca de 400 mulheres que tiveram filhos com microcefalia. Quase todas as reivindicações, denúncias e as demandas que envolvem estes bebês acabam na instituição e essas mães afirmam que quem depende do serviço público de saúde não está conseguindo fazer as terapias necessárias.

“Falta terapia multidisciplinar, que é a fono, a fisio e a terapia ocupacional, que é a hidroginástica. A gente não pode perder nem mais um dia, nem mais uma hora de estimular os nossos bebês, porque o momento é agora, a hora é agora”, disse Germana Soares, presidente da UMA.

Secretária executiva de Atenção à Saúde de Pernambuco, Cristina Mota afirma que os bebês têm o atendimento necessário e que foi ampliado de dois para 27 o número de centros especializados no atendimento às crianças com microcefalia.

“Essas crianças têm à disposição mais de 1.500 vagas só de reabilitação durante o mês. Considerando que essas vagas não estão sendo ocupadas todos os meses, a gente pode afirmar que existe um quantitativo de vagas que é suficiente para fazer este atendimento”, disse Cristina.

A AACD informou que atende 200 crianças com microcefalia. A instituição disse ainda que, assim como a Fundação Altino Ventura e outros centros que tratam bebês com microcefalia, acompanha a frequência das crianças em tratamento. Quem falta e não justifica é desligado do programa e precisa passar por uma avaliação para ser reintegrado quando houver vaga.