Ele diz que vai esclarecer sobre o papel constitucional das Forças Armadas e que, se algum militar quiser ser político, "terá de tirar a farda e virar cidadão comum".

Lula diz que Forças Armadas não poderão se meter em política se ele ganhar

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez críticas a militares que compõem o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e disse que só irá conversar com eles depois que for eleito.

Segundo o Uol, a declaração foi feita durante coletiva de imprensa realizada em sua visita a Pernambuco, nesta segunda-feira (16).

"O que nós vamos fazer com as Forças Armadas é para ela cumprir o seu papel constitucional. As Forças Armadas existem para garantir a soberania nacional contra possíveis inimigos internos (sic). Ela tem que tomar conta das nossas fronteiras, das nossas fronteiras terrestres. Ela tem que tomar conta das nossas fronteiras marítimas. Ela tem que tomar conta do nosso espaço aéreo e ela precisa proteger o povo brasileiro. E não se meter em política. Se quiser se meter em política, tira a farda, vai virar um cidadão comum e pode ser candidato a qualquer coisa", disse Lula. 

Lula também afirmou que vai manter diálogos com as Forças Armadas. "Quando eu ganhar, eu vou conversar porque, aí, eu vou ser chefe deles e vou dizer o que eu penso e qual é o papel deles. Sabe, porque, definitivamente, a democracia não comporta um estado civil governado por quase 6 mil militares que estão em postos de confiança no governo Bolsonaro. Agora, isso acontece também não é por mérito do Bolsonaro, não. É por incompetência do Bolsonaro. É por incompetência", prosseguiu.

"Ele adora ter relação com essa gente. São milicianos, é aposentado da Polícia Militar, são aposentados das Forças Armadas e eu, sinceramente, acho que o que ele está fazendo com as Forças Armadas é um desprestígio à instituição Forças Armadas.  O que não pode é um presidente da República ficar dando emprego que é da área pública, civil, ficar colocando militar da reserva. Tem mais coronel e mais general dentro do governo do que nos quartéis. Isso tá errado", concluiu.

Durante o seu discurso, Lula também provocou o presidente dizendo que ele visita quarteis, mas "não tem coragem de visitar um hospital", e lhe chamando de "ditador".

Lula e Bolsonaro são apontados como líderes de intenção de voto para as eleições de 2022. 

Pesquisa do Datafolha, publicada no dia 9 de julho, mostrou Lula à frente na pesquisa estimulada com 46%, ante 25% de Bolsonaro e 8% de Ciro Gomes (PDT). No segundo turno, o petista tem vantagem de 58% sobre 31% diante do atual presidente.