MDB e DEM saíram do bloco de apoio ao presidente Jair Bolsonaro.

Líderes aprovam saída do MDB do Centrão
Presidente da Comissão de Constituição e Justiça, Simone Tebet. / Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado

A saída do MDB do bloco formado pelos partidos do chamado Centrão no Congresso Nacional foi aprovada por lideranças emedebistas de Mato Grosso do Sul, que veem nesse ato uma garantia de independência do partido nas discussões de interesse do governo federal. 

A movimentação, que surpreendeu muitos no início da semana, recebeu elogios da senadora Simone Tebet.  

Presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado e cogitada como candidata à presidência da Casa em pleito que acontecerá no ano que vem, a sul-mato-grossense afirma ter ficado contente com a saída, que tenta mostrar que o MDB não faz parte desse bloco de partidos que atualmente compõem a base governista.

“A minha alegria é ver o presidente do MDB [deputado federal Baleia Rossi, de SP] deixar muito claro na Câmara que nós não fazemos parte do Centrão, da velha política. Ele foi eleito para que tenhamos equilíbrio e sejamos independentes justamente para ajudar o governo a ajudar o País e poder fazer críticas sobre o que acharmos errado”, frisa a parlamentar.

Simone ainda completa que o gesto anunciado por Baleia Rossi pegou várias pessoas de surpresa e foi “a grande novidade positiva para o País”, já que demonstra elementos de uma boa política. 

“É a política saudável, a política de Ulisses Guimarães e de tantos outros estadista que fazem tanta falta para o Brasil de hoje”, conclui, em live para a IstoÉ.

Opinião semelhante à de Simone apresenta o deputado estadual Eduardo Rocha, também do MDB. Para ele, sair do bloco foi uma atitude correta dos líderes emedebistas na Câmara Federal, já que ele foi composto para a formação de comissões, principalmente a de orçamento.

“As comissões já foram formadas, esse cenário já passou, e agora o Centrão estava atrás de adesão, pedindo cargos para dar o seu apoio ao governo federal. O MDB fez corretamente em sair desse bloco por ser independente. Poderá votar livre nas matérias da maneira que acreditar ser melhor para o país", finaliza Eduardo Rocha.

Oposição?
Outro que analisou o panorama emedebista em Brasília (DF) foi o ex-deputado e ex-ministro da Casa Civil na gestão Temer, Carlos Marun. 

“De pronto, essa saída não muda nada em termos práticos e concretos de composição de forças, já que o MDB e o DEM não foram e não são o Centrão”, destaca Marun, hoje no Conselho Administrativo da Itaipu Binacional.

“O bloco, com adição de MDB e DEM, foi criado para ampliar espaços na formação de comissões. Poderia ter vida mais longa, mas o Centrão passa a ser protagonista na base do governo, e esses dois partidos sempre se colocaram como independentes, então fizeram esse divórcio também no papel. Não será oposição, mas não será situação, sempre a favor do governo”, completa.

Líder regional do DEM – outro partido que saiu do Centrão –, o deputado estadual Zé Teixeira também acredita que não haverá nenhuma mudança na relação entre parlamento e governo. 

“Era para ter desfeito até antes. O Centrão vai ficar lá com os partidos de sempre, e o DEM vai buscar seus interesses, pautado no que acredita ser o melhor para o País”.

Teixeira ainda destaca sua relação com diferentes governos estaduais para exemplificar que não haverá alteração na postura. Segundo ele, não há redução de espaço. “Tereza Cristina é a melhor ministra desse governo e sabe de cor e salteado o que é setor produtivo. Nada disso vai ameaçá-la, tenho certeza. Não há risco de rompimento”, garante.

Sucessão no Senado
Uma das possibilidades levantadas para que o DEM e o MDB tenham saído do bloco era de que ambos os partidos já estariam pensando nas eleições para a Câmara Federal e o Senado no ano que vem. Contudo, Simone Tebet nega que isso seja pauta no momento. 

“É uma discussão prematura, que não pode ser antecipada única e exclusivamente porque temos uma pandemia em curso e tirando vidas, matando a economia brasileira. Então, acredito que essa questão deverá ser tratada, pelo menos no meu partido, após o segundo turno das eleições”, frisa.

Contudo, a sul-mato-grossense não nega o interesse em participar do pleito no próximo ano. 

“O MDB, obviamente por ser a maior bancada do Senado, provavelmente vai ter candidato”.