Dez reportagens sobre a Operação Lava Jato e a Polícia Federal do Paraná, publicadas em um blog de um jornalista, foram retiradas do ar no início deste mês por ordem da Justiça. Os textos, escritos entre entre novembro do ano passado e abril deste ano, traziam vazamentos de informações de delegados e procuradores.

As ações foram movidas pelos delegados Erika Mialik Marena e Mauricio Moscardi Grillo, da Superintendência Regional do Departamento de Polícia Federal no Paraná.

As decisões foram emitidas no dia 30 de março pelos juízes de Curitiba, Nei Roberto de Barros Guimarães, do 8º Juizado Especial Cível, e Vanessa Bassani, do 12º Juizado Especial Cível.

Segundo Jornal O Globo, Guimarães deferiu liminar sobre ação movida pela delegada Erika, que alegou, por meio de sua advogada, que duas das reportagens “colocam em dúvida sua seriedade de caráter enquanto delegada da Polícia Federal atuante no Grupo de Trabalho da Operação Lava-Jato”. Vanessa proibiu que novas matérias fossem publicadas “com o conteúdo capaz de ser interpretado como ofensivo ao reclamante”.

“Censuraram as matérias sem me ouvir ou verificar os argumentos, documentos e depoimentos em que me baseei para publicá-las”, disse o jornalista Marcelo Auler, que só tomou conhecimento da decisão no dia 10 de maio.  

Os advogados do jornalista agora pedem a cassação da liminar do 12º Juizado Especial, que obriga a retirar nove matérias do blog, através de um mandado de segurança impetrado junto à Turma Recursal dos Juizados Especiais do Estado do Paraná. Segundo eles, a decisão deixa claro que a determinação judicial “incorre em cerceamento nítido da liberdade de expressão”, garantida pela Constituição Federal.

Para o advogado Rogério Bueno da Silva, o objetivo dos delegados é “sufocar” os jornalistas que fazem críticas às práticas adotadas na Operação Lava Jato.