Ministério Público aponta para supressão de área de lazer público, impacto visual e ambiental em ponto de convivência e potencial exposição permanente de população vulnerável a campos eletromagnéticos

Instalação de antena da Claro em praça com parquinho entra na mira do MP
Antes do MP se manifestar, prefeito de Bonito gravou vídeo da praça da Marambaia com esclarecimentos à população / Foto: Reprodução/Redes Sociais

Fruto de um termo de permissão que prevê a instalação de quatro infraestrutura de Estações Rádio Base (ERB), em áreas públicas do município longe cerca de 259 quilômetros da Capital, a antena da Claro que está sendo instalada em uma praça com parquinho entrou na mira do Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul (MPMS), que pede a paralisação imediata das obras.

Alvo de denúncia anônima protocolada em 17 de novembro, a instalação de antena de telefonia celular em área pública na Praça da Marambaia, no município de Bonito, está sendo erguida no espaço do quadrilátero entre as vias:

Avenida Possidônio,
Rua dos Cristais,
Rua das Opalas e a
Rua Otávio Sanches

Entre as considerações, o MPMS cita que a praça é amplamente frequentada por famílias e crianças, portanto uma importante área de lazer e convivência comunitária.

Além disso, é levado em conta também os mais diversos artigos, da Constituição Federal; Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e Marco Legal da Primeira Infância, por exemplo, para detalhar a necessidade de que a saúde e segurança sejam levadas primordialmente em conta.

Imagens captadas pelo criador de conteúdo digital, marketing e piloto de drone, Fabio Carvalho José, compartilhadas no Instagram em colaboração com os portais Fátima News e Bonito Informa, mostram justamente a proximidade da instalação com o parquinho voltado para o lazer infantil. Confira:

Conforme o Ministério Público de MS, em caso de dúvida sobre os efeitos de determinada atividade na saúde humana, "deve-se decidir em favor da proteção da vida".

"A exposição crônica a radiações não ionizantes emitidas por estações radio base tem sido objeto de diversos estudos científicos, persistindo controvérsias sobre seus potenciais efeitos deletérios à saúde humana,
especialmente sobre grupos vulneráveis como crianças", considera o MPMS.

Para o Ministério Público, a instalação em praça pública frequentada por crianças implica em:

Potencial exposição permanente de população vulnerável a campos eletromagnéticos;
Supressão de área de lazer público;
Possível comprometimento da função social do espaço público;
Impacto visual e ambiental em área de convivência comunitária;

Termo de permissão

O próprio MPMS frisa que paralisar as obras não trará um "prejuízo irreparável", mas sim permitirá análise da regularidade do procedimento administrativo, atendimento às normas (ambientais, sanitárias e urbanísticas), levando em conta ainda os direitos fundamentais da população.

Diante disso, o Ministério Público recomenda ao município de Bonito, na figura do chefe do Executivo Local, Josmail Rodrigues, a paralisação imediata das obras e que a instalação seja suspensa até que as questões sejam esclarecidas.

A paralisação deve ser matida até que todas as informações sejam prestadas, bem como até que os estudos técnicos que comprovem a segurança da instalação e o atendimento à legislação aplicável sejam apresentados, demonstrando ainda que não existia qualquer outro local alternativo mais adequado.

Agora, o Executivo de Bonito têm o prazo de cinco dias úteis a partir do recebimento da recomendação para informar sobre as medidas atendidas.

Além do Executivo, a DT Brasil Gestão de Bens Próprios Ltda., com qual o município firmou o dito termo de permissão, também foi notificada pelo MPMS.

Esse termo em questão foi firmado para expandir a rede de telecomunicações de Bonito, autorizando instalação de infraestrutura de Estações Rádio Base (ERB) em quatro pontos do município:

Rua Cândido Luiz Braga – Rincão Bonito (DTB01612 – MSBTO08);
Rua Manoel Inácio de Farias – Águas de Miranda (DTB01508 – MSBTO07).
Av. Tarumã – Tarumã Hípica Park (DTB01610 – MSBTO10);
Rodovia MS-382 – Próximo ao campus da UFMS (DTB01611 – MSBTO09);

"Esses locais foram cedidos a título oneroso, mediante as contrapartidas previstas no termo, e destinam-se exclusivamente à instalação e funcionamento da infraestrutura de telecomunicações", esclareceu o município em nota divulgada na primeira semana de novembro.

Como contrapartida, a DT Brasil deveria instalar e manter 17 equipamentos de monitoramento, sendo cinco câmeras em cada uma das três estruturas CellPoste de 30 metros e outras duas na Low Cost de 9 metros.

Para além das câmeras, a DT também se encarregaria da implantação de equipamentos para a sala de monitoramento, que deverá contar com: Televisão LED 43” ou superior; computador com processador Core i5, 8 GB de memória RAM, placa de vídeo GeForce 700 Series GT 710 2GB e armazenamento SSD de 500 GB; servidores, hardware e licenças de software necessários para o armazenamento e visualização das imagens.

Contando ainda com a implantação de uma rede de fibra óptica interligando as estruturas instaladas com os pontos já existentes do município, o intuito da ação era viabilizar uma "transmissão contínua de dados e imagens em alta velocidade" entre esses novos equipamentos e a infraestrutura tecnológica da Prefeitura, com prazo total de seis meses (180 dias) para conclusão.

Antes mesmo do Ministério Público se manifestar, há cerca de três semanas, em 07 de novembro, o prefeito de Bonito gravou um vídeo direto da praça da Marambaia com esclarecimentos à população, na tentativa de defender-se de ataques que estariam sendo feitos por portais locais.

"Está sendo instalada aqui, uma parceria da Prefeitura Municipal de Bonito com a Claro do Brasil, através da articulação do nosso deputado federal Dagoberto. A primeira antena foi instalada lá no balneário municipal e é 5g, igual essa que ficará aqui. Tem site, pessoas má informadas, que jogam a população de Bonito contra o poder público... procura se informar primeiro na prefeitura do que é certo para as coisas acontecerem", disse.