Uma equipe de profissionais da saúde dos Estados Unidos conseguiu melhorar as chances de sobrevivência dos prematuros padronizando a alimentação e aumentando a oferta de leite materno

Hospital melhora ganho de peso de micro-prematuros priorizando leite materno
Hospital alcança excelentes resultados priorizando leite materno para micro-bebês / Foto: Thinkstock

Cerca de 40 semanas é o tempo médio de duração de uma gravidez. No entanto, alguns bebês nascem antes de 37 e, assim, são prematuros. E quando o parto acontece ainda mais cedo, ou seja, antes de 26 semanas? Nesse caso, eles são chamados de micro-prematuros. Normalmente, pesam menos de 1,5 kg e, por isso, cada grama é importantíssima.

Ciente disso, uma equipe de especialistas do Children's National Medical Center em Washington, Estados Unidos, criou um plano nutricional para aumentar o peso dos micro-prematuros e melhorar suas chances de sobrevivência. A ideia do grupo, formado por médicos especializados em cuidados neonatais, nutricionistas e especialistas em amamentação, era padronizar o processo de alimentação desses recém-nascidos. "Percebemos que muitos estavam sendo alimentados de maneiras diferentes", explicou Caitlin Forsythe, enfermeira líder do estudo.


"Micro-prematuros, em particular, têm altos incidentes de desnutrição, bem como desenvolvimento pobre", esclareceu Michelande Ridore, administradora de saúde que lidera a equipe. Segundo ela, eles têm pouca gordura corporal e não podem desperdiçar energia. Alguns estão em incubadoras cobertas para incentivar o sono, para que não se movimentem e queimem calorias.


Ela disse ainda que a padronização de nutrientes é uma recomendação da literatura médica que mostra que isso ajuda os bebês a prosperarem. Por isso, a equipe se concentrou no que e em quando os bebês comiam. Segundo Caitlin, sempre que possível, os micro-prematuros recebiam leite materno. Como nem todas as mães conseguiam tirar o próprio leite, eles recebiam também leite doado e também fórmula enriquecida.

RESULTADOS SURPREENDENTES
Após padronizar as práticas de nutrição para incluir o leite materno doado para bebês, os resultados começaram a aparecer. “Conseguimos colocar protocolos em prática para que haja uma padronização de atendimento. Também aumentamos a quantidade de leite materno que fornecemos para os bebês, o que é ótimo”, comemorou Caitlin. "Isso é o que é melhor para os bebês prematuros. Eles toleram melhor, tem ótimos anticorpos", disse ela, referindo-se ao leite materno.

Ridoré disse que com as mudanças, houve uma grande melhora na capacidade dos bebês de crescer e ganhar peso necessário. "Micro-prematuros, em particular, têm um desenvolvimento ruim. Conseguimos melhorar seu peso em 30%", revelou. "Sabemos que o leite materno tem fatores de crescimento, não pode ser substituído por nenhuma outra substância", completou Judy Campbell, especialista em amamentação da equipe.

Embora essas conclusões tenham sido apresentadas na conferência Virginia Neonatal Nutrition Association em setembro, a equipe ainda não terminou o estudo. Eles pretendem ajustar as práticas nutricionais com o intuito de melhorar ainda mais os resultados. No fim, o projeto será publicado para estender os benefícios a outros micro-prematuros.