Há 30 anos, chegava às lojas o álbum de estreia de uma banda de Brasília que gostava de ser chamada de punk, soava como Joy Division, tinha letras politizadas e um vocalista de sobrenome com inspiração comunista. A capa branca, com uma foto em preto-e-branco dos integrantes ao centro, era apenas uma janela para toda a ingenuidade, raiva e confusão de quatro adolescentes brasilienses: Renato Russo, Marcelo Bonfá, Dado Villa Lobos e Renato Rocha.

Lançado na primeira semana de janeiro de 1985, o primeiro álbum da Legião Urbana foi a pedra fundamental de uma nova fase no rock BR, mais poético e político, e o começo do fenômeno em que a banda se tornou. As sessões de gravação, no Rio de Janeiro, entre outubro a dezembro de 1984, no entanto, foram repletas de intempéries, com momentos tensos no estúdio, troca de produtores e Renato Russo cortando os pulsos.

"O primeiro disco era para ser gravado com o Renato como baixista. A Legião começou com essa cozinha, eu na bateria e o Renato no baixo. A gente se identificava muito bem", relembra o baterista Marcelo Bonfá, em entrevista ao UOL. Completava a formação Dado Villa Lobos, na guitarra. "Mas, nesse momento, o Renato cortou os pulsos dias antes de entrar no estúdio."