Expectativa de que Estados Unidos exportariam volume elevado da oleaginosa à China elevou os preços, mas embarques decepcionaram investidores.

 Guerra comercial sustentou preço da soja em 2025
Soja encerrou 2025 com valorização de 10% no mercado externo. / Foto: Fundação Solidaridad

As negociações dos contratos futuros de soja enfrentaram neste ano turbulências no campo da geopolítica. Apesar de um quadro de oferta e demanda relativamente estável, esse ambiente foi determinante para que os preços acumulassem valorização no fechamento de 2025, embora esse fôlego tenha perdido força no fim do ano. Por sua vez, “soft” commodities como cacau e suco de laranja despencaram no ano, revertendo apreciações de anos anteriores.

Na bolsa de Chicago, os contratos da soja de segunda posição de entrega encerraram o ano em alta de 10,2%, para uma média de US$ 10,91 o bushel, segundo cálculos do Valor Data.

As tarifas do presidente americano Donald Trump e a escalada de tensões comerciais com a China, maior importador global de soja, levantaram dúvidas sobre o volume da oleaginosa que os EUA conseguiriam negociar na safra 2025/26, lembra Ariel Nunes, analista da Gran Center Commodities.

“Desde o fim da temporada 2023/24, o fator geopolítico trouxe mais cautela para quem investe na bolsa. Com isso, nós vimos a safra 2025/26 já começar com preços mais elevados para a soja, uma vez que o produtor americano, diante de toda incerteza com a China, preferiu investir no plantio de milho”, destaca.

O preço da soja ganhou fôlego extra após o encontro de Trump com o presidente chinês, Xi Jinping, em outubro. À época, Trump, de maneira unilateral, disse que o país asiático compraria 12 milhões de toneladas de soja americana ainda em 2025.

Mas o passar do tempo mostrou que essa meta não seria alcançada. Dados oficiais do governo americano mostram que os embarques somavam pouco mais 5 milhões de toneladas entre outubro até 23 de dezembro. Diante disso, os preços médios em dezembro caíram 3,8% no comparativo mensal.

No mercado do trigo, as expectativas de aumento da produção em grandes fornecedores em 2025/26, como Rússia, Austrália e Argentina, fizeram o preço do cereal fechar o ano em queda de 4,3%, para uma média de US$ 5,2990 o bushel. Apenas em dezembro, o recuo foi de 3,4%.
Em relação ao milho, houve leve alta nos preços. Em 2025, o preço médio do cereal subiu 0,32%, a US$ 4,4878 o bushel. Em dezembro, a alta foi de 0,93%.

Bolsa de Nova York
 
Na bolsa de Nova York, após recorde de preço registrado em 2024, os preços do suco de laranja concentrado e congelado (FCOJ, na sigla em inglês) despencaram, com baixa de 66,4%, para uma média de US$ 1,6711 a libra-peso. Em dezembro o preço subiu 1%.

Analistas atribuem a derrocada das cotações às perspectivas de recuperação da safra no Brasil, maior exportador mundial de suco. A última projeção do Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus) calculou uma colheita de 294,81 milhões de caixas de 40,8 quilos em 2025/26. Se confirmado, o número representa alta de 27,7%. A demanda em baixa também justificou a queda dos preços no ano.

Os mesmos fatores que motivaram a desvalorização do suco foram determinantes para o recuo do cacau, que fechou 2025 em baixa de 44%, para uma média de US$ 5.898 a tonelada. Em dezembro, a cotação subiu 3,2%.
O ciclo 2024/25 marcou o fim de três temporadas consecutivas com déficit na produção global. A nova safra, iniciada em outubro, trouxe boas perspectivas com a colheita no oeste da África, que responde por cerca de 70% da oferta mundial.

No mercado do café, a cotação fechou o ano em alta de 11,7%, para uma média de US$ 3,5662 a libra-peso. Em dezembro, a queda no preço ficou em 6,6%.

Em boa parte do ano, restrições de oferta e o tarifaço dos Estados Unidos sobre o Brasil deram suporte às cotações do café. Já no último trimestre, otimismo com a safra 2026/27 no Brasil cresceu, após um clima regular.

No mercado de açúcar, uma oferta mundial mais folgada fez os preços encerrarem 2025 com queda de 23,3%, a 14,52 centavos de dólar a libra-peso. Sobre os preços do algodão, o Valor Data registrou queda de 8% no ano, para um valor médio de 64,76 a libra-peso.