Evento será realizado nesta sexta, sábado e domingo

“Vamos catar guavira?” A expressão que pode significar muito mais do que tirar a fruta do pé é o que dá nome ao festival Eco Gastronômico que Bonito sedia nesta sexta, sábado e domingo. Com programação gratuita de aulas shows e palestras, o Cata Guavira vai movimentar chefs de cozinha, pesquisadores e público em geral ao redor da guavira. Seja ela fruta ou especiaria.
Na quinta edição, a idealizadora Letícia Krause explica que o evento foca na valorização e na preservação do cerrado. De Curitiba, a chef mora em Bonito desde 2010 e foi aqui que conheceu e passou a explorar ao máximo o potencial da fruta.
Da guavira, a gente consegue tirar da polpa até a casca. Especialidade do produtor rural Almiro Kelm, que por amor à fruta, fez até música para a guavira.
Aos 72 anos, seu Almiro cantarola pelo telefone um trecho da canção feita com o amigo Valdenir de Brandão. “Quando eu comecei a fazer mesmo, eu não estou lembrado, mas acho que foi 2008”, conta. Na realidade, desde que o gaúcho chegou a Mato Grosso do Sul, na década de 1970, ele começou a catar guavira.
“Eu sempre gostei e queria fazer muda, procurei para plantar em 74, depois eu achei andando por aí. Aí tive um sonho”, completa. O sonho se tornou realidade anos depois: “de um campo cheinho de guavira e o pessoal catado”, resume bem a história. Mas a especiaria mesmo nasceu da curiosidade somada à uma palestra que seu Almiro conta ter assistido certa vez, de que a casca da uva tinha mais propriedades do que a própria uva. “Aí eu estava em uma fazenda e deu uma enchente. Fiquei isolado e não tinha o que fazer, fui procurar guavira e comecei a mastigar. Sabe que depois disso, não me deu fome, nem nada?”recorda.
Em seguida, o senhorzinho passou a secar a fruta, depois a triturá-la até chegar ao processo que faz hoje, de “espremer”.
“Você separa a polpa e espreme a fruta, eu faço naquelas telas tipo de janela, aí coloca para secar. E o que dá para fazer? Ah, minha filha... Guavira é mil e uma utilidades”, declara Almiro.
Das receitas, o produtor diz que a cozinha ainda não descobriu tudo o que a guavira é capaz de fazer. “Mas dá para usar em tudo: carne, no lugar do café e do chocolate no leite, eu faço pão, uso no arroz”, exemplifica.
E é justamente esta infinidade de pratos preparados a partir dela que o festival vai ter o lançamento do livro “Guavira: Receitas e Histórias”, organizado por Letícia e pelo chef Paulo Machado.
NA ESTÉTICA
Dentro da programação do festival, uma das palestras vai falar sobre tendências e possibilidades para utilizar a guavira em cosméticos. Farmacêutica, Fernanda Fialho é quem vai um pouco do que tem pesquisado e produzido da fruta. Da casca da guavira, por exemplo, dá para fazer esfoliante e corante para maquiagem.
“A gente pode fazer um processamento desta cascae deixá-la microparticulada para aplicação em cosméticos como esfoliante ou um sabão cremoso e se você processar em uma partícula ainda mais fina, pode ser utilizada como corante para maquiagem, que é uma das tendências mundiais, de se usar pigmentos naturais”, explica.
Da folha é possível fazer óleo essencial e a partir dele criar até uma perfume.
“Nós fizemos uma água de colônia, porque o óleo essencial da guavira tem um alto poder de fixação e os perfumes são bons quando têm boas fragâncias e fixação. Ele tem um leve cheiro amadeirado”, descreve.
O Cata Guavira acontece no auditório do Sebrae e na Feira do Produtor na cidade de Bonito, com entrada gratuita, com exceção das refeições.
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