Reclamação antiga de policiais civis de Campo Grande, o suposto racionamento de combustível para as viaturas já foi denunciado pelo Sinpol (Sindicato de Policiais Civis) no dia 9 de março e segue um problema para os oficiais. Há relatos de agentes que tiram dinheiro do próprio bolso para abastecer o veículo de trabalho. O governo estadual nega a acusação, mas recusou divulgar balanço de viaturas e combustível sob alegação de segurança no combate à criminalidade.

“Encontramos dificuldades para o policial trabalhar. Fica preso a uma cota fixa e não dá pra ultrapassar, às vezes o oficial até tira do bolso para fazer a diligência”, revela o presidente do Sinpol, Giancarlo Miranda. Segundo ele, a maioria das viaturas do Estado estão inutilizadas, pois são antigas ou não tem mais condições de uso.

O sindicato afirma que visita as delegacias do Estado e percebe a falta de viaturas, veículos danificados e racionamento de combustível. Segundo o Sinpol, o fato foi diversas vezes informado à Delegacia Geral, à Sejusp (Secretaria de Estado de Segurança Pública) e ao Governo.

Ainda conforme o sindicato, três litros de combustível por veículo é a média diária que os automóveis da Polícia Civil dispõem, mesma quantidade desde setembro de 2014.

Em resposta, a Sejusp afirma que “A informação de que existem viaturas com cotas diárias de três litros para o serviço é falsa”. No entanto, a secretaria não informou a quantidade de viaturas disponíveis no Estado ou de combustível.

"São informações sigilosas, que não podem ser divulgadas por questões de segurança no combate à criminalidade. Nenhuma força policial passa por racionamento de combustível em Mato Grosso do Sul”, diz nota da secretaria. 

O problema relatado de falta de combustíveis atinge principalmente as Depacs (Delegacias de Pronto Atendimento Comunitário), que atuam 24 horas por dia. Por vezes, policiais que assumem o plantão, acabam tirando do próprio bolso para conseguirem abastecer e usar as viaturas. Mesmo casos de emergência podem deixar de serem atendidos pela falta de combustível.

Agentes relataram à reportagem do Jornal Midiamax que faltam viaturas para transporte de presos, principalmente nas Depacs. Quanto a isso, a secretaria afirma que já está na SAD (Secretaria de Estado de Administração e Desburocratização) o pedido de compra de dois veículos especiais para transporte de presos que atenderão exclusivamente as Depacs.

Reivindicações

Além da falta de combustível e de viaturas, outras pontos são reivindicados pelo Sinpol, como melhoria na estrutura física das delegacias, melhoria dos equipamentos e fim da custódia dos presos nas delegacias, o que configura desvio de função para os civis, que acabam atuando como carcereiros, principalmente nos distritos policiais do interior.

O debate sobre a custódia de presos nas delegacias tomou força em 2015, quando um policial civil foi morto por um detento na delegacia e outro ficou gravemente ferido. Além disso, os policiais também protestam por melhoria nos salários. De acordo com o sindicato, há 10 anos há exigência de nível superior para prestar o concurso da Polícia Civil, mas o salário pago é referente a nível médio.

A categoria paralisou os serviços no dia 1º de abril por 12 horas, como forma de protesto. Segundo o sindicato, se não houver retorno do Governo, eles poderão deflagrar greve.