Segundo a Adepará, o caso ocorreu em uma pequena localidade do sudeste do Pará, que tem 160 cabeças de gado.

Governo do Pará confirma caso atípico de vaca louca no estado
Pará tem caso suspeito de mal da "vaca louca". / Foto: Leandro J. Nascimento/G1

A Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará) confirmou nesta quarta-feira, dia 22 de fevereiro, que o resultado do caso suspeito de Encefalopatia Espongiforme Bovina, doença conhecida como mal da "vaca louca", deu positivo.

Segundo a Adepará, o caso ocorreu em uma pequena localidade do sudeste do Pará, que tem 160 cabeças de gado.

O local já foi isolado e a propriedade foi inspecionada e interditada preventivamente, informou a Agência.

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O governo do Pará informou que a “sintomatologia indica que se trata da forma atípica da doença, que surge espontaneamente na natureza, não causando risco de disseminação ao rebanho e ao ser humano”.

Para confirmar esta situação de isolamento e controle, “amostras foram enviadas para laboratório no Canadá para tipificação do agente, se clássica ou atípica”.

De acordo com o governo, o assunto é a tratado com transparência e responsabilidade, por meio de contato permanente com o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).

Investigação e últimos casos

Nesta última segunda-feira (20), o Mapa informou que investigava um caso suspeito de Encagalopatia Espongiforme Bovina e que "todas as medidas estavam sendo adotadas pelos governos".

As ocorrências mais recentes de mal da "vaca louca" foram confirmadas em setembro de 2021 pelo Ministério. Tinham sido casos em frigoríficos de Belo Horizonte (MG) e Nova Canaã do Norte (MT).

Naquele ano, os dois casos confirmados foram detectados em vacas de descarte que apresentavam idade avançada.

À época, após a confirmação, a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) foi notificada oficialmente.

No caso da China, em cumprimento ao protocolo sanitário firmado entre o país e o Brasil, as exportações de carne bovina chegaram a ser suspensas temporariamente.

Em 2019, um caso caso atípico de vaca louca também foi registrado em um animal em Mato Grosso. Segundo o órgão, tratava-se de uma vaca de 17 anos, que foi abatida.

No caso atípico de vaca louca, que ocorre de forma esporádica e espontânea, principalmente em animais mais velhos, não há relação com a ingestão pelos animais de ração contaminada.

No caso clássico, a doença é transmitida por ração contaminada , por ter sido elaborada com produtos obtidos de animais infectados. O Brasil não registra casos desse tipo há mais de 20 anos.

O que é a doença da vaca louca?

A enfermidade é fatal e acomete bovinos adultos de idade mais avançada, provocando a degeneração do sistema nervoso. Como consequência, uma vaca que, a princípio, era calma e de fácil manejo, por exemplo, se torna agressiva, daí o apelido do distúrbio.

A encefalopatia espongiforme bovina, nome científico da doença, é gerada por uma proteína infecciosa chamada príon. O príon já é presente no cérebro de vários mamíferos naturalmente, inclusive no ser humano, contudo, ele pode se tornar patogênico ao adotar uma forma anormal e se multiplicar demasiadamente.

Quando isso acontece, o príon mata os neurônios e no lugar ficam buracos brancos no cérebro, por isso o nome da doença de “espongiforme”, já que os buracos têm a forma semelhante a de uma esponja.

Como a vaca é contaminada?

Existem duas formas principais para o animal adquirir a doença:

caso de origem atípica: nele, naturalmente, o príon sofre uma mutação, se tornando infeccioso. Quanto mais velho o animal, maior a probabilidade disto acontecer;

contaminação: por meio do consumo de rações feitas com proteína animal contaminada, como por exemplo, farinha de carne e ossos de outras espécies. No Brasil, é proibido o uso deste tipo de ingrediente na fabricação de ração para bovinos.

Não há indícios de que uma vaca transmita a doença para a outra, mas, caso ela seja diagnosticada com o mal, o produtor deve colocá-la para o abate e incinerar o corpo, a fim de evitar que se torne alimento para alguma espécie, explica Vanessa.

O criador também deve avisar o serviço oficial de defesa sanitária.

Quais os principais sintomas?

A doença da vaca louca tem uma evolução longa, na qual o animal apresenta sintomas neurológicos, como:

nervosismo;

apreensão;

medo;

ranger dos dentes;

hipersensibilidade ao som, toque e luz;

ataxia, ou seja, dificuldade para andar.

Estes sintomas podem ser confundidos com outras enfermidades que afetam o Sistema Nervoso Central, como raiva, intoxicações, poliencefalomalácia, herpes vírus bovino, entre outras. Por isso, é importante a sua comprovação por meio de diagnóstico laboratorial.

Dá para tratar?

Não existe um tratamento ou vacina para a vaca louca, por isso, a melhor saída é prevenir que o animal desenvolva a proteína infecciosa, usando apenas as rações autorizadas. Consulte mais detalhes da prevenção nesta cartilha do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Quando acometido pela doença, o gado pode morrer entre duas semanas e seis meses após o início dos sintomas.

Humanos podem ser contaminados?

Existem duas doenças que têm relação com príon infeccioso. Assim como nos animais, os humanos podem desenvolver esse príon naturalmente - sendo acometidos por uma doença degenerativa chamada doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ), que nada tem a ver com o mal da vaca louca. Ela atinge principalmente idosos.

Também é possível um humano adquirir esse príon infeccioso ao comer carne infectada, desenvolvendo a variante doença de Creutzfeldt-Jakob (vDCJ), também conhecida como "vaca louca".

O risco de humanos desenvolverem o mal da vaca louca existe no consumo de partes contaminadas do cérebro, da medula cervical, da tonsila ou de tecidos do fundo do olho de bovinos. Contudo, desde o final da década de 1990, o Ministério da Agricultura proibiu a comercialização destas partes para consumo, aponta o veterinário Enrico Ortolani, consultor do Globo Rural.

Ambas as doenças degenerativas são fatais e têm alguns sintomas em comum, como a perda de memória, perda visual, depressão e insônia. É possível que uma pessoa tenha adquirido o problema e ela não manifeste sintomas por anos.