Após as denúncias sobre a péssima qualidade no transporte coletivo urbano de Campo Grande, o Consórcio Guaicurus realiza mudanças na gestão do sistema que afetam a vida dos funcionários. Em reunião na manhã desta quarta-feira (30), os trabalhadores foram informados de que serão remanejados entre as empresas consorciadas desde que o grupo venceu a licitação no fim do mandato de Nelsinho Trad (PTB).

As alterações atingem inicialmente atendentes e apontadores que atuam nos terminais de ônibus. Segundo informação de quem participou da reunião, eles foram intimados pelo Consórcio a aceitarem o remanejamento entre pessoas jurídicas diferentes e informados de que quem está em experiência, não terá os contratos renovados.

Já para quem está efetivado, segundo os trabalhadores, a informação teria sido de que só se manterá no cargo, quem aceite trabalhar diretamente em uma das quatro empresas (Viação Cidade Morena, Viação São Francisco, Jaguar Transporte Urbano e Viação Campo Grande) que compõem o consórcio, sem custos de demissão.

Os trabalhadores dizem que faltam informações sobre as circunstâncias da mudança e acusam o sindicato de aceitar passivamente as decisões dos patrões. "Nós não entendemos direito, eles não explicam, e o sindicato é pelego. A gente fica sem saber se estão passando por cima de algum direito nosso", diz um dos funcionários.

Segundo o Consórcio Guaicurus, no entanto, não se trata de demissão, e sim de remanejamento, que não envolveria o pagamento de direitos trabalhistas. "Precisa apenas dar baixa na carteira e a legislação será cumprida", informa.

“Eles fizeram uma lista dos funcionários que trabalham nos terminais e nos Pague Fácil. Os que estão em experiência tão fora. Os demais vão ser avaliados se serão mantidos ou não. Dizem que vão ficar com os melhores. Só que quem ficar vai ter que ir para uma da garagens, vão dar baixa na carteira sem pagar os direitos trabalhistas”, afirma um funcionário, que não quer ser identificado.

Segundo ele, as informações foram repassadas nesta manhã, durante reunião na sede da antiga Assetur. em 2 horas, todo o trâmite do remanejamento foi repassado aos funcionários. Ele informa ainda que, conforme foi determinado, os funcionários passariam a trabalhar 12 horas por dia, sendo 8 horas normais, mais 4 horas extra. "E quem não aceitar as novas condições, que peça para sair", teriam dito.

A empresa nega. Segundo informações da assessoria de imprensa do Consórcio Guaicurus, o remanejamento não passa de uma ação administrativa e não há previsão de demissões em massa como temem os trabalhadores. O Consórcio também nega que tenha encaminhado funcinários para outra empresa sem acerto de direitos trabalhistas. “Isso não existe. Não posso começar um novo vínculo sem encerrar o anterior. Uma coisa que o Consórcio preza é o que estabelecido em lei”, afirma.

Já sobre possíveis demissões, a assessoria pontua que pode sim demitir quantos funcionários julgar necessários, pois isso é prerrogativa da mesma. Segundo o Consórcio, todos que forem mandados embora receberão os direitos.

Sobre a nova carga horária, a assessoria diz que qualquer empresa pode exigir que um funcionário cumpra um horário determinado, inclusive o de 8 horas normais, mais 4 horas extra. “Isto não é ilegal. Qualquer empresa pode fazer isso, é prerrogativa de qualquer empresa”, diz.