Segundo pesquisadora do Instituto Arara Azul, espécie possui mecanismos fisiológicos e morfológicos que a ajuda a manter a temperatura corporal em dias mais frios

Frio não impacta rotina das araras, que colorem manhã gelada em Campo Grande
Segundo pesquisadora do Instituto Arara Azul, espécie possui mecanismos fisiológicos e morfológicos que a ajuda a manter a temperatura corporal em dias mais frios / Foto:  Helder Carvalho

A quarta onda de frio deste ano derrubou temperaturas em Mato Grosso do Sul a partir desta segunda-feira (30). Os termômetros em Campo Grande registraram 11 graus, mas a sensação térmica chegou a 2,1 graus, segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia).

Quando o frio chega assim, todos correm e se agasalham, buscando manter seu conforto térmico e preservar suas atividades cotidianas. Também, para quem tem animais de estimação, pode-se buscar roupas próprias ou abrigos. Entretanto, como seria a situação de animais silvestres que vivem em áreas urbanas?

Um dos exemplos são as araras, um dos animais símbolos do Estado, onde, em Campo Grande, há até uma praça dedicada à elas, com um grande monumento que representa um casal. As araras ainda dão nome a bairros, comércios e estão presentes no imaginário e iconografia locais.

Para entender como as araras são impactadas com as ondas de frio, em uma região onde na maior parte do ano as temperaturas são quentes ou amenas, como o caso de Mato Grosso do Sul, a reportagem do Jornal Midiamax conversou com a bióloga Larissa Tinoco, pesquisadora associada do Instituto Arara Azul.

Segundo ela, as araras tem mecanismos fisiológicos e morfológicos (penas) que as ajudam a manter a temperatura corporal em dias mais frios. “No entanto, elas reduzem suas atividades passando mais tempo empoleiradas e forrageando”, explicou.

Em relação a filhotes e ovos, as temperaturas muito baixas ou elevadas podem impactar no desenvolvimento do embrião no ovo ou dos filhotes nascidos, principalmente nas primeiras semanas de vida, pois eles são mais frágeis e não possuem ainda os mesmos mecanismos que os indivíduos adultos. “Em temperaturas mais amenas, a fêmea é extremamente importante para manter os ovos e os filhotes aquecidos, evitando a sua perda. Porém, ainda não estamos na fase de ovos ou filhotes pequenos”, explicou a pesquisadora.

Para além do frio, ela destaca que um ponto negativo para indivíduos adultos pode ser o mau tempo, como chuva intensa, tempo nublado e ventos fortes. “Podem atrapalhá-las durante o voo, o que pode propiciar colisões com edificações ou fiação elétrica, mas é bem raro de acontecer”, disse ainda.