A Ferrari F8 Spider é um dos conversíveis mais potentes já produzidos pela marca italiana.

Ferrari F8 Spider de R$ 4 milhões é apreendida em operação que mirou sindicato ligado a irmão de Lula
/ Foto: Divulgação

Entre cofres, relógios de luxo, motos e SUVs apreendidos pela Polícia Federal (PF), nessa quinta-feira (9/10), um carro chamou atenção pela imponência: uma Ferrari F8 Spider, avaliada em mais de R$ 4 milhões.

O superesportivo italiano, conhecido por combinar engenharia de corrida e exclusividade de colecionador, foi encontrado durante as buscas da Operação Sem Desconto, que apura fraudes milionárias em aposentadorias e pensões do INSS.

A ação, deflagrada pela Polícia Federal (PF) com apoio da Controladoria-Geral da União (CGU), teve como alvo o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), entidade ligada a José Ferreira da Silva, o Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Durante as diligências, os investigaores apreenderam uma frota de 27 veículos de luxo, incluindo um Porsche, um Mini Cooper, Jeeps, uma Ducati (a “Ferrari das motos”), um Volvo e a Ferrari F8 Spider.
Também foram encontrados R$ 135,8 mil em espécie, 30 relógios de grife avaliados em até R$ 100 mil, uma arma de fogo, munições e dezenas de eletrônicos, entre notebooks e celulares. A PF não detalhou a quem pertencem os bens apreendidos.

Luxo extremo sobre rodas

A Ferrari F8 Spider é um dos conversíveis mais potentes já produzidos pela marca italiana. O modelo traz o mesmo conjunto mecânico da F8 Tributo, sucessora da 488 GTB, com motor V8 biturbo de 3,9 litros, o mais potente da história da Ferrari nessa configuração: 720 cavalos de potência a 8.000 rpm e 770 Nm de torque.

Com essa força, o superesportivo acelera de 0 a 100 km/h em apenas 2,9 segundos e chega aos 200 km/h em 8,2 segundos, com velocidade máxima de 340 km/h.
Pesa apenas 1.400 kg e traz teto rígido retrátil, que se recolhe em 14 segundos, mesmo em movimento a até 45 km/h.

No interior, o cockpit é um luxo à parte: painel redesenhado, acabamento artesanal e tela sensível ao toque de 8,5 polegadas voltada ao passageiro.

O sistema eletrônico é derivado das pistas, com tecnologias como o Side Slip Angle Control, que otimiza o controle de tração, e o Ferrari Dynamic Enhancer, que auxilia em manobras de drift quando o veículo está em modo “Race”.
A F8 Spider é considerada um dos últimos modelos da marca equipados apenas com motor a combustão, um carro colecionável, raríssimo e símbolo máximo de ostentação.

O rastro do dinheiro

Segundo as investigações, o Sindnapi arrecadou cerca de R$ 259 milhões entre 2019 e 2024 por meio de mensalidades associativas descontadas diretamente das aposentadorias, muitas delas sem autorização dos beneficiários.

A PF e a CGU apuram inserção de dados falsos em sistemas oficiais, lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio com suspeita de que parte dos valores desviados tenha sido convertida em bens de luxo.

O elo com o irmão de Lula

Documentos da CGU enviados à CPMI do INSS revelam que o Sindnapi omitiu ao INSS a presença de Frei Chico na diretoria ao assinar acordo de cooperação com o órgão, em 2023.

Pela legislação, entidades da sociedade civil não podem firmar parcerias com o governo se tiverem dirigentes parentes diretos de agentes políticos, como o presidente da República.

“Ao omitir o vínculo de parentesco direto entre um de seus dirigentes e o presidente da República, o sindicato criou um ambiente de aparente regularidade que induziu os órgãos públicos a erro”, afirma trecho do documento da CGU.
Na época da assinatura, Frei Chico era diretor nacional de Representação dos Aposentados Anistiados. Atualmente, ocupa a vice-presidência do Sindnapi.

Defesa

Em nota, o Sindnapi afirmou ter recebido com “surpresa” o cumprimento dos mandados e negou qualquer irregularidade.

“O sindicato reitera seu repúdio e sua indignação com quaisquer alegações de prática de delitos e comprovará a lisura de sua atuação, sempre em prol de seus associados”, diz o texto.