Equipe médica usou, pela primeira vez, um dispositivo de ressuscitação chamado ECMO, que aquece e oxigena o sangue.

Audrey Marsh, de 34 anos, sofreu hipotermia quando subia os Pirineus na Catalunha. / Foto: Divulgação

A mulher britânica de 34 anos que sofreu uma parada cardíaca de seis horas e foi ressuscitada por médicos de um hospital de Barcelona disse que pretende voltar a escalar já na próxima primavera europeia. "Não quero que essa situação tire esse hobby de mim", afirmou, em entrevista à rede de televisão TV3, na quinta-feira (5).

Audrey Mash teve uma grave hipotermia (queda da temperatura do corpo) enquanto fazia uma trilha nos montes Pirineus da Catalunha, na Espanha. As baixas temperaturas do local, por causa de uma tempestade, fizeram com que ela se sentisse mal. Mash começou a ter dificuldades para falar e se mover, conforme informações da agência Reuters.

A temperatura de seu corpo caiu para apenas 18ºC, enquanto a temperatura normal é em torno de 36ºC.

Os médicos do hospital Vall d’Hebron, de Barcelona, explicaram em coletiva de imprensa que Audrey Mash sofreu a maior parada cardíaca já registrada na Espanha.

Sem hipotermia, ela estaria morta

"É um caso excepcional em todo o mundo", declarou o médico Eduard Argudo. "Ela parecia estar morta. Mas nós sabíamos que, num contexto de hipotermia, Audrey tinha chance de sobreviver."

Embora a hipotermia quase a tenha matado, foi também isso que protegeu o corpo de Audrey da deterioração por causa do frio. "Se ela tivesse tido uma parada cardíaca tão longa assim com a temperatura normal do corpo, ela estaria morta", comentou o médico.

O marido de Mash, Rohan Schoeman, pensou que a esposa já tinha morrido. "Eu tentava sentir o seu pulso, mas meus dedos também estavam dormentes. Por isso, eu não tinha certeza se eram meus dedos, mas eu não conseguia sentir sua respiração e conseguia sentir seus batimentos", disse ele.

As primeiras manobras de ressuscitação realizadas pelos médicos não tiveram efeito e Mash foi levada de helicóptero para o hospital de Barcelona, que possui um dispositivo inovador chamado ECMO. Usada pela primeira vez na Espanha para ressuscitação, a máquina se conecta ao sistema cardíaco do paciente para substituir a função pulmonar e cardíaca.

"Estávamos preocupados com possíveis danos neurológicos", disse o médico Argudo, que comemorou a superação de Audrey Mash.