A estratégia de erradicar plantações de maconha no país vizinho a partir do mapeamento realizado via satélite, drones e ferramentas de georreferenciamento, além de vigilâncias.

Erradicação de plantações de maconha no Paraguai batem recorde
a estratégia de erradicar plantações de maconha no país vizinho a partir do mapeamento realizado via satélite, drones e ferramentas de georreferenciamento, além de vigilâncias. / Foto: Reprodução

A Polícia Federal do Brasil, em ações conjuntas com a Senad (Secretaria Nacional Antidrogas) do Paraguai contra o tráfico de drogas, tem atuado sob a estratégia de erradicar plantações de maconha no país vizinho a partir do mapeamento realizado via satélite, drones e ferramentas de georreferenciamento, além de vigilâncias.

Segundo o Delegado de Polícia Federal lotado na Coordenação-Geral de Cooperação Internacional, Marcos Paulo Pimentel, o enfrentamento ao tráfico com base na apreensão de drogas em fiscalizações em estradas, depósitos, encostas de rios e demais formas de circulação do ilícito mostra-se insuficiente para a desarticulação de organizações criminosas. “A atuação da Polícia Federal tem sido fundamentada em três diretrizes: a descapitalização das organizações criminosas por meio de investigações de lavagem de dinheiro, prisão de lideranças e cooperação internacional, com atuação focada na erradicação das plantações de maconha, o que tem se mostrado muito eficiente para o cumprimento dessas diretrizes”.

Em território paraguaio, as operações são realizadas junto à Senad principalmente nos departamentos de Amambay, Canindeyú, Concepción e San Pedro. Tais locais apresentam variadas distâncias geográficas do Brasil, entre 120 km a 500 km de cidades de fronteira como Foz do Iguaçu, no Paraná, Guaíra, também no Paraná e Mundo Novo, em Mato Grosso do Sul.

No Brasil, as plantações de Cannabis sativa, nome científico da maconha, são mais comuns nas regiões Norte e Nordeste.

O número relacionado às operações de erradicação de plantações de maconha no Paraguai, em 2021, é de 5.443 toneladas, o maior quantitativo já registrado.

O número mais próximo deste ocorreu no ano de 2013, com pouco mais de 5 mil toneladas.

“Um dos principais benefícios de tal estratégia é destruir quantidades maiores de droga com menos investimentos em menor tempo. Além disso, o risco operacional é menor, se comparado ao das ações policiais pulverizadas, quando a droga já está em poder de organizações criminosas fortemente armadas e, ainda, diminui-se a incidência de crimes ambientais, pois muitas dessas plantações acontecem em áreas de preservação ou de comunidades como as de indígenas”.

Marcos também explica que, em geral, as plantações localizam-se em áreas públicas, ou zonas de preservação, dentre outros. Assim, dificilmente há perda da propriedade ou sanções legais, caso fossem identificadas em áreas particulares.

Safras de maconha e o “beneficiamento da droga”

Marcos explica que ao longo do tempo tem ocorrido um aprimoramento nas técnicas de cultivo da maconha, em termos de produtividade e menor tempo e o ciclo médio, entre plantio e colheita, dura cerca de 3 a 4 meses.

De acordo com estudos realizados pela área técnica da Polícia Federal, cada pé de Cannabis sativa da região produz, em média, 300 gramas de maconha (BRASIL, 2008). O beneficiamento da planta acontece nos acampamentos, ainda no campo. “Primeiro, porque para o traficante ficará mais fácil e terá menor custo o transporte da droga já compactada. Também é mais fácil de esconder e há menos risco de perda. Ela já sai dali pronta, embalada, até porque grande parte dessa maconha é atravessada pelo rio e lagos”, explicou Marcos.