O ex-sócio da Selco Engenharia, Abimael Lossavero, também entrou com ação individual para tentar desbloqueio de bens no valor de até R$ 315 milhões. No processo que ingressou em 2° grau, ele alega que os serviços de tapa-buraco nunca terão qualidade se comparada à pavimentação, além disso alegou que em Campo Grande a malha viária sempre está com vida útil vencida e 93% necessita de recapeamento, sendo assim 'remendar' as vias não é solução.

Ele teve os bens bloqueados junto ao ex-prefeito da Capital, Nelson Trad Filho (PTB) e outras 19 pessoas, sob acusação de irregularidade no serviço de tapa-buraco realizado entre 2010 e 2012. Segundo promotores da força-tarefa da Operação Lama Asfáltica, os danos custaram ao erário mais de R$ 372 milhões até janeiro de 2015. Somente a Selco abocanhou R$ 28,7 milhões até junho do ano passado.

O empreiteiro alega não ser mais sócio da empresa desde janeiro de 2013, por isso diz não ter feito parte de todos os contratos questionados. De qualquer forma, defende a Selco desqualificando as denúncias do MPE (Ministério Público Estadual). Também assegura que o próprio órgão arquivou inquérito civil de 2012 que apurava suposta irregularidade nos trabalhos da companhia.

Mesmo assim há explicação sobre possível falta de qualidade. “Importa registrar que os serviços de tapa buraco não podem ter sua qualidade comparada a uma obra de pavimentação, pois se trata de um serviço paliativo executado, totalmente de forma manual, em meio ao trafego intenso de veículos e com a umidade do solo acima do ideal na maioria das vezes, ocasionando baixo grau de compactação do solo após o término da aplicação do CBUQ (Concreto Asfáltico Usinado a Quente).

Para o empresário, diante da precariedade do asfalto na Capital, o ideal seria recapeamento, como prevê o MPE, “porém tal decisão não é de competência da empresa e sim do Município, que detém o controle do orçamento”, diz Lossavero nos autos. “Diante disso concordamos com o Ministério Público de que 93 % da malha de Campo Grande necessita de recapeamento como forma definitiva de solução do problema”.

O ex-sócio da Selco disse ainda que o episódio do 'tapa-buraco fantasma' divulgado amplamente em 2015 é prática de todas as empreiteiras, sendo que naquele caso até mesmo os engenheiros do MPE concluíram necessidade de intervenção. “O procedimento de execução adotado pelo encarregado foi apropriado, conforme laudo técnico da Secretaria de Obras do Município. Vale ressaltar que tal procedimento é utilizado há mais de uma década, por todas as empresas prestadoras do serviço de tapa-buraco”.

Sobre a qualidade dos trabalhos executados na Rua Padre João Crippa, nas proximidades da Praça do Rádio, na qual o MPE concluiu que a via está deteriorada, a explicação é de que “a massa asfáltica utilizada para remendo é aplicada manualmente e não por equipamentos de obras de pavimentação, como vibroacabadora e rolo compactador de pneu, portanto a qualidade final nunca será igual”.