Delação de donos da JBS instalou crise no país

Em meio a crise, Michel Temer deve fazer pronunciamento à tarde

O presidente Michel Temer (PMDB) deve fazer um pronunciamento oficial às 15 horas (horário de MS) desta quinta-feira. O horário da fala do presidente que desde o início da noite de ontem enfrenta crise causada por delação de Joesley Batista, dono da JBS, ainda não foi confirmado pelo Planalto.

De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, Temer não conseguiu cumprir todos os compromissos previstos para hoje, mesmo querendo aparentar normalidade, o presidente se reuniu durante todo o dia com políticos e assessores.

Fontes ligadas à presidência afirmam que o presidente gostaria de ter feito o pronunciamento pela manhã, mas decidiu adiar a fala oficial para a tarde na expectativa de que o STF (Supremo Tribunal Federal) retirasse o sigilo da delação e que as gravações que flagram o presidente consentindo propina ao ex-deputado Eduardo Cunnha viessem à tona.

A delação
O jornal "O Globo" informou que as conversas para a delação dos irmãos donos da JBS começaram no final de março. Os depoimentos foram coletados do início de abril até a primeira semana de maio. O negociador da delação foi o diretor jurídico da JBS, Francisco Assis da Silva, que depois também virou delator.

De acordo com reportagem , os donos da JBS disseram na delação à PGR que gravaram o presidente Michel Temer dando aval para comprar o silêncio do deputado cassado e ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ), depois que ele foi preso na Operação Lava Jato. 

Em gravação, feita em março, o empresário diz a Temer que estava dando a Eduardo Cunha e ao operador Lúcio Funaro uma mesada para que permanecessem calados na prisão. Diante dessa informação, Temer diz, na gravação: "tem que manter isso, viu?"

Em nota, a Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência disse que o presidente Michel Temer "jamais solicitou pagamentos para obter o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha. Não participou nem autorizou qualquer movimento com o objetivo de evitar delação ou colaboração com a Justiça pelo ex-parlamentar".