Em delação premiada à Procuradoria-Geral da República, o ex-diretor da área Internacional da Petrobrás Nestor Cerveró revelou que acertou uma propina de US$ 1,5 milhão com o senador Delcídio do Amaral (PT/MS), valor este decorrente do contrato de Pasadena. Segundo ele, Delcídio soube da compra da refinaria, nos EUA, e queria o dinheiro para arcar com a campanha para ao governo de Mato Grosso do Sul.

Conforme o Estadão, o fato aconteceu no final de 2005 e início de 2006. Cerveró disse durante o depoimento que Delcídio o “procurava insistentemente” solicitando o dinheiro. Diante das cobranças constantes ele resolveu acertar uma propina de US$ 2,5 milhões para o ex-líder do Governo no Senado, comprometendo-se a repassar “parte de sua propina para o parlamentar”. Passou R$ 1,5 milhão e ainda ficou devendo US$ 1 milhão.

Ainda segundo o Estadão, Cerveró declarou que cedeu à pressão do senador porque achava que sua permanência no comando da Petrobrás estava ameaçada. Ele contou aos procuradores que a propina total no negócio de Pasadena chegou a US$ 15 milhões. O negócio provocou prejuízo de US$ 792 milhões à estatal petrolífera, segundo cálculos do TCU (Tribunal de Contas da União).

Cerveró foi preso em janeiro deste ano, acusado de corrupção e lavagem de dinheiro. O juiz federal Sérgio Moro o condenou a 17 anos de prisão em duas ações penais.

Já Delcídio foi preso dia 25 de novembro, sob suspeita de tramar contra a Operação Lava Jato. Com medo da delação de Cerveró, planejou até uma rota de fuga para o ex-diretor da Petrobrás.

Depois que foi preso e interrogado pela Polícia Federal por ordem do Supremo Tribunal Federal, Delcídio negou que tenha recebido propinas no esquema de desmandos montado na Petrobrás entre 2004 e 2006. Ontem (17) o Supremo rejeitou pedido de revogação de prisão do senador.

Nesta sexta-feira (18), ele foi transferido para a sede do Batalhão de Trânsito da Polícia Militar do Distrito Federal. A mudança foi pedida pela defesa e autorizada pelo STF.