Duas semanas antes da Piracema, rios cheios afastam pescadores

A Piracema nos rios de Mato Grosso do Sul começa oficialmente no dia 5 de novembro e duas semanas antes, imagina-se que os pesqueiros estejam lotados. Porém, os rios cheios e sujos, por conta das chuvas, acabam afastando os pescadores.

Em Corumbá, distante 419 km de Campo Grande, no Lontra Pantanal Hotel, as chuvas na cabeceira encheram o rio Paraguai e sujou a água. Segundo a auxiliar de administração do hotel, Conceição Louveira Amarília, por conta da cheia, não há tanto peixe. "Geralmente, duas semanas antes de começar a piracema, ficamos lotados, mas esse ano está diferente", afirma.

O hotel trabalha com reservas. "Para este fim de semana não temos quase nada de reserva e para o próximo, que antecede a piracema, temos duas, apenas. Os clientes ligam antes querendo saber como está o rio".

A situação de rio cheio e poucos clientes também está no Pesqueiro e Pousada 110, em Aquidauana, distante 135 km da Capital. De acordo com a cozinheira do local, Daiana de Almeida Castro, o movimento caiu porque o rio encheu. "Antes da piracema, a gente tem muito movimento, só que para este fim de semana está bem tranquilo. Os clientes acham que não compensa pescar com rio cheio", explica.

Já no rio Miranda, o dono do pesqueiro Rancho Dourado, Luís Carlos Cardoso, reclama da crise financeira e não do rio cheio. "Olha, era para estar lotado esse fim de semana. Esperava bastante gente, mas acho que só pode ser a crise afastando os clientes. Antigamente não tinha vaga para ninguém nessa época, hoje estamos vazios".

Há 20 anos com o pesqueiro, Luís considera 2017 como um dos piores. "Mesmo com o rio cheio, as pessoas vinham para passear, descansar, curtir o dia. Mas não é o que está acontecendo", desabafa.

Piracema - De 5 de novembro até 28 de fevereiro de 2018, as pescas nos rios estão proibidas. O tenente-coronel da PMA (Polícia Militar Ambiental), Edmilson Queiroz, explica que na operação pré-piracema, foram autuadas 44 pessoas, sendo 17 por crime e 27 por falta de licença de pesca. "A gente sempre antecipa a operação porque tem muita gente que aproveita essa época, de rio cheio, para pescar".

O coronel diz ainda que com os rios cheios, os cardumes se juntam. "Nessa época de chuvas é o que os peixes se reproduzem, eles aproveitam o rio cheio e é quando os pescadores jogam redes para pegar os cardumes. Por isso temos o período defeso", explica.