Trabalhadores demitidos que buscavam auxílio superlotaram a Fundação do Trabalho nesta semana.

Dobra a procura por seguro-desemprego
Trabalhadores têm lotado Funsat todos os dias. / Foto: Bruno Henrique / Correio do Estado

A Fundação do Trabalho de Mato Grosso do Sul (Funtrab) voltou a atender presencialmente nesta segunda-feira (13) em Campo Grande. Em três dias de atendimento aos trabalhadores, o perfil de quem procura o local é o mesmo: desempregados atrás do seguro-desemprego. A fundação tem recebido 172 pedidos diários, 115% a mais do que antes da pandemia do novo coronavírus (Covid-19).

Até a tarde de ontem, 517 trabalhadores solicitaram o benefício no local.

Antes da crise econômica, a média de pedidos diários era de 80. Nesta semana, em três dias, a média foi de 172 pedidos, aumento de 115%. “Quando paramos em março, o seguro-desemprego também era relativamente alto, mas ocorria que tinha bastante oferta de emprego e nós atendíamos 450 pessoas diariamente. Então saíam alguns e entravam outros no mercado. Agora estão entrando poucas vagas e saindo bastante”, disse o diretor-presidente da Funtrab, Enelvo Felini.

De acordo com os dados da Funtrab, na segunda-feira 140 trabalhadores solicitaram o benefício no local. Na terça-feira (14) foram 171 pedidos e nesta quarta-feira foram registradas 206 solicitações.

A Funtrab tem atendido em média 200 pessoas nesta semana. “Desde a segunda-feira temos grandes filas logo pela manhã. A maioria destas pessoas veio pedir o seguro, já que foram demitidas. Temos ainda uma equipe que orienta que esses desempregados entrem com a solicitação por meio do aplicativo. Alguns conseguem na fila mesmo e acabam nem entrando para o atendimento presencial”, reiterou Felini.

SEGURANÇA

Durante os três dias logo pela manhã foi possível observar muitos trabalhadores enfileirados na porta da Funtrab. Segundo o diretor da Fundação, as equipes tentam organizar os trabalhadores para que não façam aglomerações.

“Estamos tomando todas as medidas de segurança orientadas pelo Ministério da Saúde para evitar a propagação do novo coronavírus (Covid-19). Os funcionários têm trabalhado em escala, e a entrada dos trabalhadores é controlada”, disse Felini.

O diretor ainda ressaltou que a Fundação já começou a anunciar novas vagas de emprego. “Tínhamos anunciado 32 vagas nesta quarta, mas para quinta-feira (16) já serão 50. Estamos em contato com os empresários para tentar ajudar a essas pessoas que tem contas para pagar. O mercado tem que começar a abrir as portas para gerar novamente empregos”, finalizou Enelvo Felini.

Quem procurou a Funtrab nesta semana foi a vendedora Magna Leite Rodrigues, de 32 anos. Ela foi em busca do seguro porque foi demitida recentemente do emprego onde ficou por cerca de três anos. Ela trabalhava em quiosque de perfumaria dentro de shopping, mas por conta da crise foi demitida com outras duas pessoas e o quiosque foi fechado por falta de movimento.“Até passar tudo isso, acredito que não vou conseguir emprego, mas depois que passar vai abrir muitas vagas porque muita gente foi demitida, se Deus quiser, vou conseguir um emprego”, disse.

DEMISSÕES

Levantamento do Sebrae aponta que 31,58% das micro e pequenas empresas de Mato Grosso do Sul precisaram demitir funcionários nos últimos 15 dias. Já a média de demissões, conforme o levantamento, é de 2,3 colaboradores por empresa.

Entre as atitudes tomadas neste período, 32,08% das empresas deram férias coletivas para os empregados. Já os que adotaram a suspensão do contrato de trabalho somam 20,75%.  Os que reduziram a jornada e o salário são 3,77% e os que ainda não tomaram nenhuma das medidas são 49,06%.

Para a economista do Instituto de Pesquisa da Fecomércio (IPF –MS), Daniela Dias, o cenário pode se agravar caso consumidores e empresários não atuem de forma conjunta. “A gente pode ter um cenário pior caso a pandemia não seja controlada. É por isso que a gente precisa que os consumidores sejam conscientes. Os empresários estão fornecendo os mecanismos de higiene, mas os consumidores precisam evitar aglomerações e tomar as medidas de precaução. Isso é um ciclo, se a pessoa não está empregada, logo ela não consome e a economia não gira”.  

SAÚDE

O salário de quase 10 mil trabalhadores administrativos das áreas da saúde podem ser reduzidos devido à Medida Provisória nº 936/2020, que permite também diminuir a carga horária dos colaboradores.

O acordo coletivo que permite tal medida foi celebrado na terça-feira (14) pelas federações e sindicatos que representam hospitais, clínicas, laboratórios, consultórios médicos e odontológicos em todo o Estado.  

Conforme tratado em audiência no Tribunal Regional do Trabalho da 24ª Região (TRT/MS) - em Campo Grande -, a convenção prevê a possibilidade, mediante adesão individual do trabalhador, de redução de salário e jornada de trabalho em 25% e 50%, bem com a redução de 70% na remuneração para pessoas idosas e com problemas de doenças graves que se encontrem afastadas do serviço.