Coordenador da equipe brasileira no Cern (Suíça), diz que antes da crise o país tinha 10 pesquisadores e em 2017 serão cinco. Coppe promove visitas virtuais para estudantes do ensino médio.

Diminui número de pesquisadores brasileiros em atuação no maior laboratório de física do mundo
Do Coppe, estudantes participam de aula virtual com pesquisador no Cern, na Suíça / Foto: Káthia Mello/G1

Nos últimos três anos, caiu o número de pesquisadores brasileiros participando das pesquisas junto ao Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (Cern), um dos principais institutos científicos do mundo. Até 2014, antes da crise política e econômica do país, 10 cientistas (físicos, engenheiros e especialistas em computação) participavam do projeto em Genebra, na Suíça. Atualmente, apenas um integra o grupo do Cern.

O professor José Manoel Seixas, um dos coordenadores da equipe brasileira disse que, no total, o Brasil terá cinco pesquisadores na Suíça em 2017, vindos de universidades de Minas Gerais (Juiz de Fora e São João del Rei), São Paulo, Bahia e Rio de Janeiro. A afirmação aconteceu durante entrevista ao G1 em um evento no Coppe - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia, na Zona Norte do Rio.

"Essa participação só está ocorrendo com ajuda do Cern que desenvolve com a Coppe projetos desde 1988. Sem esse apoio, não seria possível estar lá", disse.

O Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (Cern) é o maior laboratório de Física de partículas do mundo. Com 60 anos de história, o Cern ficou em evidência nos últimos anos depois da confirmação da existência do Bóson de Higgs, ou “partícula de Deus”, ocorrida em julho de 2012.
 
A descoberta, considerada a peça que faltava na atual teoria da física de partículas, foi feita no maior experimento do laboratório, o acelerador de partículas LHC (Grande Colisor de Hádrons, na sigla em inglês).

Mesmo diante de um cenário pouco favorável, a Coppe, da Universidade Federal do Rio de Janeiro - o maior centro de ensino e pesquisa em engenharia da América Latina, está desenvolvendo um projeto que incentiva estudantes de ensino médio a fazer visitas virtuais ao Atlas, experimento instalado no Cern.

O G1 acompanhou a visita nesta quinta-feira (25) que reuniu 40 alunos do Centro Federal de Educação Tecnológica, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Na Coppe, na Cidade Universitária, alunos com idades entre 16 e 17 anos, conheceram a exposição "Exploradores do Conhecimento" que tem como tema "A recriação do começo dos tempos".

O professor José Seixas recebe os estudantes e explica sobre a física de partículas, o papel dos Atlas, os objetivos do Cern e a contribuição dos pesquisadores brasileiros no laboratório.

Os alunos também participam de uma "viagem" virtual ao Cern, em tempo real, com participação de Denis Damásio, um ex-aluno da Coppe, que trabalha no centro de pesquisas desde 2005.

"A gente quer trazer os alunos para um física que ainda não chegou aos cadernos deles e instigar os jovens. A ideia é coloca-los em em contato com pesquisadores brasileiros que estão lá para que eles pensem que se aquela cara já foi aluno do ensino médio, se já estudou aqui porque não é possível para mim? ", explica o professor.

Para Seixas, o projeto também tem o objetivo de provocar a "auto-estima nos alunos".

A estudante Natali Souza, 17 anos, moradora de Queimados, estava na visita com a escola nesta quinta. Ela gostou de ter tido a oportunidade de acompanhar a visita virtual ao Cern e, principalmente, ter tido a chance de fazer uma pergunta para o pesquisador brasileiro na Suíça. Ela quer ser engenheira elétrica.

"Eu assisti hoje e me interessei bastante. Se eu puder estudar o suficiente para poder participar gostaria de ser uma das pesquisadoras no Cern", disse
Sobre a expectativa para o futuro e a diminuição dos pesquisadores brasileiros no projeto ela diz que importante é não desistir.

"Eu acho que com a crise, a gente tem que correr atrás. A educação não está boa, o ensino não está bom e a gente tem que correr atrás com o máximo de força que a gente tiver. Se a gente tem interesse de conhecer a gente tem que procurar os canais com acessibilidade e deveria ter mais canais para disponibilizar informações para as pessoas porque ajudaria bastante".

As visitas promovidas pela Coppe também serão realizadas no mês de junho. Nos dia 8 e 29 são escolas e no dia 22 de junho, o evento será aberto ao público numa chance de integrar a ciência e ao conhecimento da origem do universo, além das pesquisas que envolvem os pesquisadores brasileiros e o maior laboratório do mudo, o Cern.