As despesas com consumo de bens e serviços de saúde no Brasil atingiram R$ 424 milhões em 2013, o que corresponde a 8% da economia do país, medida pelo Produto Interno Bruto (PIB). A informação é da Conta-Satélite de Saúde, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira (10).
Variações de um ano para o outro refletem não apenas o crescimento do volume consumido, mas também o aumento dos preços"
IBGE

Esse percentual está no mesmo patamar do ano de 2010, quando também chegou a 8%. Em 2012 e 2011, essa despesa correspondia a 7,8% do PIB.

Do total, R$ 190 bilhões, ou 3,6% do PIB, eram referentes a despesas de consumo do governo, enquanto R$ 234 bilhões, ou 4,4% do PIB, às despesas das famílias e de instituições sem fins lucrativos.

“A gente está com um padrão de gasto parecido com o que a gente tinha na última publicação, em torno de 8%. Não dá para tirar conclusão muito dura dessa oscilação de 8% para 7,8%, para 8%. Esse movimento, você não consegue extrair uma tendência disso. É uma oscilação. Essa participação pode ter a ver tanto com o volume quanto com preço. Não só os preços com as saúdes, mas com todos os preços”, analisou Ricardo Moraes, gerente de Contas Nacionais do IBGE.

De acordo com o órgão, o consumo de bens e serviços de saúde foi maior em todos os anos da série. Em 2013, o aumento em volume, descontando as variações de preços, foi de 3,7% para o consumo do governo e de 1,3% para o das famílias.

“Dos três anos com variações de volume na série, o menor crescimento foi 2012, quando o consumo de bens e serviços de saúde aumentou menos que a população, levando a um crescimento per capita de -0,1%”, ressaltou a publicação.

Ainda de acordo com o estudo, entre 2010 e 2013, as despesas com consumo final de bens e serviços de saúde oscilaram 18,6% e 19% do total do consumo final do governo, sendo 18,9% em 2013.

“Quando fala em consumo do governo, é o que o governo consome, o que a rede pública oferece da rede saúde, e também o que o governo compra da rede privada. O governo consome principalmente bem de serviço de saúde, educação e administração pública, ou ministérios, Brasília, coisas que não são saúde e educação”, explicou o gerente.

Em relação às famílias, as despesas de consumo final da mesma natureza passaram de 7,3% do total de seu consumo final em 2010 para 7,1% em 2013.

“A variações de um ano para o outro refletem não apenas o crescimento do volume consumido, mas também o aumento dos preços”, ressaltou a publicação, que explicou ainda que “embora os beneficiários finais dos serviços de saúde pública sejam as famílias, esses serviços são apresentados como despesas do governo, uma vez que são pagos com recursos públicos”.

Gastos das famílias é maior do que governo
O principal gasto das famílias ocorreu com serviços de saúde privados, o que inclui planos de saúde, consultas, exames e internação, chegou a 2,7% do PIB em 2013, ou R$ 141,3 bilhões. Já a despesa de consumo do governo, o principal item foi a saúde pública, com 2,8% do PIB, ou R$ 149,9 bilhões, no mesmo ano.

“Isso acontece em toda a série. Isso vale para bens e serviços, mas se olha só para serviços, governo gasta mais do que famílias. O que faz as famílias ultrapassarem são os gastos com medicamentos. Quando põe medicamentos na conta, os gastos das famílias ultrapassam os do governo”, explicou Ricardo Moraes.

Maior gasto com serviços
Ainda de acordo com a Conta-Satélite, em 2011 e 2012, o consumo de saúde das famílias mostrou um crescimento percentual maior do que o governo. Em 2013, contudo, o percentual foi maior para o consumo do governo. Segundo o gerente do IBGE, “o movimento foi dos serviços. Houve aumento dos serviços”.

“Quando pego o total das despesas com serviços dentro da despesa com saúde, a gente viu que serviços ganharam todos os anos, e a parte de gasto com medicamentos caiu todos os anos. Houve aumento de participação de serviço e redução de medicamentos. No ‘agregadão’, ficou relativamente estável. A despesa com serviços aumentou, pessoas passaram a gastar mais com serviços do que com medicamentos ao longo da série”, concluiu Ricardo Moraes.

Medicamentos
A análise mostrou que a participação dos serviços no consumo final de bens e serviços de saúde aumentou todos os anos entre 2010 e 2013, e passou de 75,9% para 77,6%. A participação de medicamentos, contudo, caiu de 22,3% para 20,6%, no mesmo período.

“O restante foi, principalmente, consumo de outros materiais médicos, ópticos e odontológicos”, apontou a Conta-Satélite de Saúde. “As despesas com medicamentos têm um peso maior no consumo das famílias que no consumo do governo”.

Importação e exportação
A publicação informou ainda que em 2013, 18,6% das preparações farmacêuticas, como gazes, curativos, iodo, agua oxigenada, e outros, disponíveis no país, foram exportadas. No entanto, 74% dos produtos farmoquímicos – matéria prima utilizada para produção de medicamentos – 37,1% de outros materiais médicos e odontológicos, e 24,5% da medicação para uso humano foram importados.

“O peso disso no total das exportações e importações [no PIB] é pequena, 3,5% do que a gente importa são bens e serviços relacionados à saúde e 0,7% do que a gente exporta são relacionados a bens e serviços relacionados a saúde. Serviços de saúde não têm muito peso de importação e exportação”, concluiu o gerente.