Delcídio se diz explorado por Lula e filho de Cerveró ao pedir novo depoimento

A defesa do senador Delcídio do Amaral (sem partido) apresentou na última sexta-feira (29) as alegações finais antes da apresentação do parecer do Conselho de Ética. O ex-petista é julgado por quebra de decoro parlamentar por suspeitas de ter tentado atrapalhar as investigações da Operação Lava Jato. 

Segundo a defesa de Delcídio, ele teria sido “explorado para benefícios de terceiros”. O documento, ao qual a GloboNews teve acesso, diz que o senador foi usado pelo ex-presidente Lula (PT) para fazer uma troca com Nestor Cerveró, concedendo a ele uma oportunidade de fugir das investigações da Lava Jato, caso ele excluísse José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente, de sua delação premiada.

A defesa também alega que o filho de ex-diretor da Petrobras, Bernardo Cerveró, teria utilizado “truques cênicos” para criar uma 'cama de gato' para o senador. Os advogados de Delcídio acreditam que o conteúdo da gravação foi obtido por “meio enganoso”, já que segundo eles, Bernardo teria induzido o ex-petista a se autoincriminar, utilizando de sua confiança.

Procurado pela reportagem do GloboNews, o Instituto Lula nega a “fantasiosa tese” de Delcídio e afirma que o “ex-presidente já falou sobre o assunto em depoimento à Procuradoria Geral da República”. A defesa de Bernardo Cerveró afirmou que sua conversa com o senador aconteceu no mesmo molde de outras reuniões, e nega a utilização de “truques cênicos”.

Tendo faltado em quatro oportunidades de depoimento, a defesa do senador pede que seja cancelada a sessão de amanhã, terça-feira (3), do Conselho de Ética, que deve apresentar o parecer da investigação sobre Delcídio, e que o ex-petista tenha uma nova chance de depor na comissão. Telmátio Mota (PDT-PR), relator do processo, afirmou que a intenção da defesa é atrasar os trabalhos do colegiado.