Corumbá, MS, recebe reforço de 13 profissionais para combate à raiva
Centro de Controle de Zoonoses de Campo Grande. / Foto: Reprodução/TV Morena

A Secretaria Municipal de Saúde Pública (Sesau) de Campo Grande está enviando, a partir desta quinta-feira (23), 13 profissionais do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) para Corumbá, cidade distante 415 quilômetros da capital sul-mato-grossense, que enfrenta um surto de raiva animal. São três veterinários e dez profissionais de trabalho em campo.

O grupo estará na cidade durante a próxima semana para intensificar a vacinação contra raiva em animais, que já tem dez casos confirmados da doença. Segundo a prefeitura de Corumbá, 18 pessoas estão sendo monitoradas por terem mantido contato com animais doentes.

Surto

Em 6 de abril, a Secretaria Municipal de Saúde de Corumbá confirmou um surto de raiva em animais. Antes da confirmação, cinco mil animais já haviam sido vacinados contra a doença, já que o município imunizava animais em bairros onde eram confirmados casos.

O órgão já iniciou a imunização de todos os cães e gatos da cidade. No caso de um surto, a secretaria precisa seguir um protocolo do Ministério da Saúde que é realizar a vacinação e informar a população.

Raiva humana

Um homem de 38 anos está internado desde a última sexta-feira (17) com diagnóstico de raiva no Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (Humap-UFMS). O paciente é de Corumbá, onde teria contraído a doença.

Conforme divulgado pela assessoria de comunicação da prefeitura de Corumbá na segunda-feira (20), o homem, que trabalha como piscineiro, foi mordido na perna direita por um cão de rua há 45 dias na região do conjunto Vitória Régia, na parte alta da cidade.

Na última segunda-feira (13), ele procurou atendimento na unidade de saúde da Nova Corumbá, também na parte alta da cidade. Após o primeiro atendimento, o paciente recebeu hidratação venosa, vacina anti-tetânica e antirrábica e foi encaminhado ao Hospital de Corumbá.

O homem apresentava febre, dores musculares, irritabilidade, dificuldade de alimentar-se, espasmos musculares, dores abdominais, tosse pouco produtiva. Ele estava desidratado e com alteração do comportamento.

Ainda de acordo com a prefeitura, a Vigilância Epidemiológica foi notificada imediatamente. O piscineiro foi transferido para o Centro de Terapia Intensiva (CTI) e na sexta-feira (17), foi encaminhado para o Humap em Campo Grande.

Tratamento

O paciente passa por tratamento experimental. A terapia salvou a vida de um adolescente em 2008 no estado de Pernambuco. Ele está recebendo um remédio antiviral. Os médicos que cuidam do caso aguardam ainda a chegada de um outro medicamento que será enviado pelo Ministério da Saúde, para complementar a terapia.

De acordo com os médicos, o tratamento mesmo experimental oferece uma chance de cura ao paciente. Ao G1, o Hospital Universitário informou, por meio da assessoria de imprensa, que o paciente ainda respirando com a ajuda de aparelhos e é medicado para controlar a pressão baixa. O homem está isolado e em coma induzido.

Segundo dados do Ministério da Saúde, o último caso de raiva humana no estado ocorreu em 1994. Em Corumbá, onde o homem foi contaminado, outras 18 pessoas que tiveram contato com animais doentes estão sendo monitorados pelas autoridades de saúde.

Combate

Após a confirmação do primeiro caso de raiva humana em 21 anos, a prefeitura de Corumbá intensificou o combate à doença em animais. O Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) está recolhendo qualquer animal solto na rua e se em três dias, o dono não comparecer para buscá-lo, ele será sacrificado.

Porém, o sacrifício de animais é questionado por organizações não governamentais (ONGs) e médicos veterinários. “Tem que ter uma estrutura emergencial pra abrigar esses cães, monitorar durante vinte dias – que é o período de manifestação da doença, e se não apresentar nenhum sintoma, vacinar, castrar e adotar esse animal”, explica a veterinária Adna Botazzo Delbem.

O CCZ alega que segue o protocolo do Ministério da Saúde. Diversas ONGs procuraram o Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul (MPMS) para tentar evitar a eutanásia dos animais. A TV Morena não conseguiu contato com o MP para comentar o assunto.