A relatora na comissão, deputada Silvia Cristina (PDT-RO), recomendou a rejeição da matéria por acreditar que o assunto pode ser tratado pelo Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar).

Comissão rejeita proibição de propaganda de lingerie que explore corpo feminino
Deputada Silvia Cristina, relatora: "desaceleração no setor teria grande impacto em pequenas empresas" / Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados

A Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Câmara dos Deputados rejeitou, na quarta-feira (21), o Projeto de Lei 967/15, do deputado Delegado Waldir (PSL-GO), que proíbe em todo o País publicidades de lingerie que explorem a imagem de mulheres e de seus corpos.

A relatora na comissão, deputada Silvia Cristina (PDT-RO), recomendou a rejeição da matéria por acreditar que o assunto pode ser tratado pelo Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar).

Como exemplo, ela lembrou que o Conar já estabelece que toda atividade publicitária deve caracterizar-se pelo respeito à dignidade da pessoa humana.

Na avaliação de Silvia Cristina, o uso de termos como "exploração da mulher e do corpo" no projeto é controverso e pode levar insegurança jurídica ao setor.

"Posicionamentos liberais e conservadores encontrarão diferentes níveis aceitáveis de veiculação de imagens do corpo feminino.

Certamente esses entendimentos variam também de acordo com idade, sexo, raça, religião e tantos outros matizes que compõem a diversidade brasileira", afirmou a parlamentar.

Mercado aquecido
Ela lembrou, por outro lado, que o mercado de lingeries é aquecido no mundo inteiro. "Segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), o setor fatura 30 bilhões de dólares anuais no planeta.

O Serviço indica ainda que no Brasil há ‘mais de 3,5 mil confecções que produzem cerca de 1,5 bilhão de peças anualmente, em um mercado que movimenta R$ 3,6 bilhões, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit)’, de 2012", destacou.

O setor, disse ainda, é composto principalmente por empresas de pequeno porte, com polos de produção em cidades interioranas de estados como Ceará, Goiás e Rio de Janeiro.

"Uma desaceleração no setor teria grande impacto em pequenas empresas e na renda de muitas famílias, especialmente nas mulheres, sabidamente as mais empregadas nesse tipo de atividade", avaliou Silvia Cristina.

Também foram rejeitados os PLs 4809/16 e 6946/17, que tramitam em conjunto e tratam do mesmo assunto.

Tramitação
Os projetos tramitam em caráter conclusivo e ainda serão analisados pelas comissões de Seguridade Social e Família; de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.