Gaeco deflagrou operação que identificou que 'frete seguro' das drogas eram realizadas por policiais em viaturas caracterizadas entre Campo Grande e Ponta Porã

Com policiais envolvidos com tráfico e facção, Polícia Civil diz não tolerar desvio de conduta
Delegacia de Polícia Civil de Bataguassu. / Foto: Divulgação/PCMS

"Não toleramos desvios de conduta", essa afirmação foi feita pela Polícia Civil durante essa terça-feira (26), horas após a deflagração da Operação Snow feita pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) que mirou uma organização criminosa atuante no tráfico de drogas, e, além de ter transportes das drogas, contava com apoio de policiais civis que levavam cocaína de Ponta Porã para Campo Grande.

Apesar de não revelar quantos mandados de prisão e busca e apreensão estavam direcionados aos agentes de segurança pública, a Polícia Civil informou por meio de nota que o cumprimento deles foram realizados pela própria instituição, por meio da Corregedoria-Geral.

Além disso, foi pontuado que foi aberto procedimentos administrativos "para apurar eventuais transgressões disciplinares".


"Por fim, reforçamos o compromisso de não tolerarmos desvios de conduta, nem qualquer comportamento que comprometa a integridade da instituição e a confiança da sociedade", finaliza a nota.


A Operação Snow, que contou com o apoio do Batalhão de Choque, da Força Tática e do Batalhão de Operações Especiais, visou desmantelar uma estrutura altamente sofisticada de distribuição de drogas, que conta com diversos membros, incluindo policiais cooptados.

Um dos bairros visitados pelas equipes foi a Vila Rica. Assim que acordaram, moradores presenciaram a movimentação da polícia na região. Ainda segundo moradores, nas Moreninhas também havia movimentação do Gaeco pela manhã.

Segundo o Ministério Público de Mato Grosso do Sul, a organização utilizava empresas de transporte como fachada para escoar a droga, além de empregar essas empresas na lavagem de dinheiro, ocultando a origem e o destino dos valores obtidos com o narcotráfico.

Um dos métodos utilizados pela organização era ocultar a droga em meio a cargas lícitas, principalmente em caminhões frigoríficos, dificultando a fiscalização policial nas rodovias. Além disso, transferiam a propriedade dos veículos entre empresas e motoristas, desvinculando-os dos verdadeiros proprietários para evitar chamar atenção em fiscalizações policiais.

Durante as investigações, foram identificadas mais duas toneladas de cocaína pertencentes à organização criminosa, apreendidas em ações policiais. Uma das estratégias utilizadas para transportar a droga de Ponta Porã até Campo Grande era o "frete seguro", no qual policiais civis transportavam a cocaína em viaturas oficiais caracterizadas, evitando assim a fiscalização de outras unidades de segurança pública.

Foram cumpridos 21 mandados de prisão preventiva, sendo que três alvos já se encontram custodiados no sistema prisional e 33 mandados de busca e apreensão, nos municípios de Campo Grande e Ponta Porã.