Cientista afirma que o primeiro transplante de cabeça pode acontecer até 2017

O cientista italiano Sergio Canavero divulgou neste mês um manual com técnicas que podem tornar possível transplantar uma cabeça para um novo corpo. Em junho deste ano, o cirurgião, membro do Grupo de Neuromodulação Avançada de Turim, irá lançar uma iniciativa internacional para realização do transplante até 2017. Sua intenção é aumentar o tempo de vida de pessoas que sofram de doenças degenerativas ou que tenham câncer em estágio avançado.

Segundo o cientista, é preciso resfriar o corpo para aumentar o tempo de vida das células e cortar as terminações nervosas que ligam a cabeça à medula espinhal. Para unir a cabeça a um novo corpo sadio, Canavero explica que deve ser utilizada uma substância chamada polietilenoglicol, responsável por estimular a produção de gordura nas células e unir as duas partes do corpo. Estudos apontaram que a substância foi capaz de estimular o crescimento das células da medula espinhal em animais.

Para evitar que o corpo se mova, o paciente deverá ser mantido em coma por duas ou três semanas, recebendo descargas elétricas para estimular a criação de novas conexões nervosas. Em entrevista à New Scientist , Canavero explicou que, ao acordar, a pessoa poderá sentir seu rosto, terá a mesma voz e que, dentro de um ano, com fisioterapia, poderá voltar a andar. Quanto a possibilidade de rejeição, o cientista acredita que a situação possa ser contornada com o auxílio da tecnologia. Hoje em dia, a ciência é capaz de evitar a rejeição do corpo a transplantes conjuntos de coração e pulmão.

Nenhum dos transplantes de cabeça já realizados obteve sucesso. O tempo mais longo de sobrevivência de um animal transplantado aconteceu em 1970, quando um macaco resistiu por oito dias após a cirurgia. A morte ocorreu devido a rejeição da cabeça pelo sistema imunológico do corpo receptor.

Para conseguir testar suas técnicas, Canavero terá que encontrar um país que autorize a realização do transplante em seres humanos. “A grande questão aqui é de natureza ética. Esse transplante deve ser feito? Há, obviamente, muitas pessoas que vão discordar”, disse à New Scientist.