Os fazendeiros do Paiaguás, na divisa com Mato Grosso, não conseguem embarcar o gado nos portos por falta de acesso, informou o Sindicato Rural do Município.

Cheia recua e parte do gado volta às áreas altas no Pantanal
Parte da MS-228 ainda está submersa, mas água já baixou bastante. / Foto: Edemir Rodrigues

A cheia no Pantanal perdeu força, com o nível do Rio Paraguai em queda na régua de Ladário – considerada referência para previsões do comportamento hidrológico da bacia. Contudo, a água está estacionada na planície e a inundação ainda é significativa nas áreas altas, ao norte de Corumbá.

Neste município, está prevista a movimentação de mais de 300 mil animais para áreas secas até o fim deste mês.

Os fazendeiros do Paiaguás, na divisa com Mato Grosso, não conseguem embarcar o gado nos portos por falta de acesso, informou o Sindicato Rural do Município.

Em situação de emergência reconhecida pelo governo federal, a região deve voltar à normalidade somente em agosto, com o retorno de 1 milhão de cabeças de gado aos campos hoje alagados. 

A planície pantaneira – de Coxim a Porto Murtinho – conta com um rebanho de 2,3 milhões de cabeças, havendo 1,9 milhão somente em Corumbá. 

“A água continua estacionada em todo o Pantanal, descendo [no sentido Sul] lentamente”, disse Luciano Leite, presidente do Sindicato Rural de Corumbá. O pico da cheia na régua de Ladário ocorreu em 16 de junho, com altura do Rio Paraguai em 5,35 metros.

Em duas semanas, o rio baixou apenas 19 centímetros no mesmo ponto, indicando ainda uma cheia de grandes proporções. O nível normal do Paraguai em Ladário é de menos de três metros. 

ESTRADA SUBMERSA

O maior volume de água da bacia começa a chegar aos pantanais do Jacadigo e Nabileque, onde as fortes chuvas no início do ano causaram as primeiras inundações, e as fazendas começam a retirar o gado.

O último município atingido pela cheia será Porto Murtinho, na fronteira com o Paraguai, com previsão de pico em agosto. A régua instalada no dique que cerca a cidade indica que o Rio Paraguai subiu 70 centímetros em seis meses.

Regiões do Pantanal de Corumbá sob efeito da enchente conseguem conviver com o fenômeno natural sem atrapalhar a atividade econômica. É o caso das fazendas e empreendimentos turísticos situados no entorno da Estrada Parque (MS-184 e MS-228), entre a Nhecolândia e o Abobral.

As estradas e pontes passam por manutenção e garantem acesso, mantendo o fluxo turístico e os leilões – um deles será realizado no fim do mês, com cinco mil cabeças.

Trecho de 19 km da MS-228, entre o entroncamento com a MS-184 (Curva do Leque) e o distrito de Porto da Manga, no entanto, está parcialmente submerso com o transbordamento do Rio Paraguai. 

A Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos (Agesul) suspendeu o serviço de balsa em maio, com previsão de restabelecer a travessia somente em agosto.

Os pesqueiros locais se mantêm operando com translado de clientes em lanchas.