Cego desde que nasceu, Roque vive de consertar coisas, sempre com super sorriso

A deficiência visual nunca impediu Roque Ratier Gonçale, de 59 anos, de trabalhar. Mesmo cego, ele já foi vendedor de leite, lenhador e até desossador em frigorífico. Mas há trinta anos ele deixou de lado as facas para lidar com a eletricidade.

Em uma casinha simples do Bairro Vilas Boas, ele e a esposa, dona Olivia Ferreira Gonçale, de 62 anos, ganham a vida da forma que ele enxerga o mundo: com a habilidade das mãos. De ventiladores à chapinha, ele concerta o que aparecer.

 “Mas eu trabalho desde quando era criança”, afirma. Mesmo sem enxergar desde que nasceu, ainda na zona rural de Sidrolândia, município onde nasceu, Roque conta que auxiliava o pai na lida no campo.

“Meu pai era capataz em fazenda e eu, mesmo sendo muito novo, fazia questão de ajudar ele catando lenha no cerrado, tirando leite. O objetivo dele naquela época era juntar o dinheiro para comprar um terreno, aqui em Campo Grande”, recorda.

No ano de 1960, ele, os pais e os 8 irmãos se mudavam para Campo Grande para morar no tão sonhado terreno, comprado na Vila Carlota. Mas a estrutura da casa ainda era improvisada. “Nos mudamos para cá, para morar de baixo de uma lona”, comenta.

De trabalhador rural, o pai virou carneador em frigorífico e no ano de 1973 foi a vez dele, seguir o mesmo caminho. “No frigorífico eu era responsável pela limpeza das tripas e até desossa. Fui funcionário de 1973 até o ano de 1978, quando me aposentei”, conta.