Campo Grande é a capital brasileira com maior índice de adolescentes que já tiveram pelo menos uma experiência com cigarro – 26,8%, conforme aponta estudo inédito do Ministério da Saúde.

Depois vêm Porto Alegre (26,5%), Florianópolis (25,1%) e Curitiba (23,4%). Considerando o público com idade entre 12 e 17 anos, são 18,5% os adolescentes brasileiros de 12 a 17 anos que já experimentaram cigarro, de acordo com o Erica (Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes), realizado pelo Ministério da Saúde e pela Universidade Federal do Rio de Janeiro em parceria com 33 instituições de ensino superior.

O estudo mostrou também que, independente do sexo, as prevalências foram maiores em adolescentes que não moravam com os dois pais e que referiram ter tido contato com fumante em casa ou fora. Outra constatação do estudo foi o de que as jovens do sexo feminino estudantes de escolas públicas (5,7%) fumam mais do que as de escolas privadas (3,7%).

“O dado do Erica destaca a importância de se cortar o mal pela raiz, quanto menos jovens estiverem fazendo uso do cigarro, menos adultos fumantes teremos no futuro e consequentemente menos doenças e mortes ocasionadas pelo tabagismo”, assinalou o ministro da Saúde, Ricardo Barros.

De acordo com os pesquisadores, apesar de o número ainda alto, o dado nacional pode indicar uma tendência de queda na experimentação de cigarro entre os adolescentes do país, uma vez que estudos anteriores, como a PeNSE (Pesquisa Nacional de Saúde Escolar), de 2009, haviam detectado que 24% dos adolescentes de 13 a 15 anos nas capitais brasileiras tinham tido ao menos um contato com o cigarro.

Foram ouvidos durante o estudo, 74.589 adolescentes de 1.251 escolas públicas e privadas em 124 municípios com mais de 100 mil habitantes, incluindo todas as capitais. É o primeiro levantamento feito com coleta de dados de jovens entre 12 e 17 anos para fornecer estimativas nacionais sobre a prevalência de fatores de riscos cardiovasculares, tais como hipertensão arterial, dislipidemia e de síndrome metabólica. O estudo traz recortes por sexo e idade, saúde mental e comportamentos geralmente iniciados nessa fase da vida - como tabagismo, consumo de álcool e vida sexual.

Entre os adultos, os resultados do mais recente levantamento do Ministério da Saúde, o Vigitel 2015, apontam redução em âmbito nacional. Segundo os dados da pesquisa, houve redução de 33,8% no número de fumantes adultos nos últimos dez anos: 10,4% da população das capitais brasileiras ainda mantêm o hábito de fumar. Em 2006, esse percentual era de 15,7% para o conjunto das capitais. Os homens continuam sendo os que mais fazem uso do tabaco (12,8%), ao passo que as mulheres fumantes são 8,3% dentro do total da população feminina das capitais. Há 10 anos, esse número era de 20,3% entre os homens e 12,8% nas mulheres.

Neste caso, os maiores contingentes de fumantes adultos foram encontrados entre os homens de Porto Alegre (16,7%), São Paulo (15,6%) e Cuiabá (14,9%), e entre mulheres em Porto Alegre (13,4%), São Paulo (12,2%) e no Rio de Janeiro (10,8%). Na contramão dessas capitais, os homens de Salvador (5,6%), São Luís (8,5%) e Goiânia (8,7%) e as mulheres de São Luís (1,5%), Belém (3,2%) e Aracaju (3,6%) foram os que registraram a menor frequência de adultos fumantes.