Mato Grosso do Sul está 'exportando' o código que, segundo investigações, seria usado para identificar o pagamento de propinas a políticos. O 'cafezinho', famoso em Campo Grande graças à Operação Coffee Break, sobre supostas irregularidades na cassação do prefeito Alcides Bernal (PP) pela Câmara Municipal, também seria a senha para esquema investigado na Operação Sevandija, que investiga corrupção na administração de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, inclusive tendo uma empresa da Capital sul-mato-grossense entre as suspeitas.

Amargo, porém saboroso, em alguns períodos da década de 1980 o café era a segunda mercadoria mais negociada no mundo por valor monetário, atrás apenas do petróleo. Ao longo dos anos, com a mistura de grãos de várias procedências, o valor do café brasileiro tem diminuído a cada ano.

Mas, esta é a realidade do mercado do grão em si. Quando se trata do cafezinho como códido do pagamento de propinas em esquemas de corrupção, o “produto” parece em alta.

A Operação Sevandija - o termo significa parasita – foi desencadeada pela Polícia Federal e Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do interior paulista, na quinta-feira passada (1º). Em Campo Grande, as investigações chegaram à Quíron Serviços de Engenharia.

No esquema apurado pela Sevandija, conforme as investigações, o “cafezinho” era usado para encobrir reuniões de acordos para recebimento de propinas no escândalo de corrupção que envolveu a prefeita da cidade paulista e nove vereadores.

De acordo com Folha de São Paulo, interceptações feitas pela PF mostram um empresário marcando “cafés” com vereadores, entre eles o presidente da Câmara de Ribeirão, Walter Gomes (PTB).

Nos encontros, o empresário fazia a entrega de envelopes, em meio a revistas, aos vereadores. Eram propinas, afim de fraudar licitações, acreditam os investigadores.

Ainda de acordo com o já revelado sobre as investigações, a fraude teria desviado R$ 203 milhões dos cofres públicos do município do interior de SP. Uma parte dos esquemas envolvia a confecção de notas frias para justificar pagamentos por projetos não executados e, depois, o dinheiro seria distribuído entre políticos.

Café do MS - Valorizado e nem um pouco amargo também seria o “cafezinho” trocado entre políticos e empresários sulmatogrossenses, que veio a tona em agosto de 2015, durante a Operação Coffee Break. O caso atualmente tramita na Justiça estadual.

Sem saber que estava com as conversas telefônicas monitoradas pela Polícia Federal, com autorização da Justiça Federal, o empresário João Amorim teria articulado e acompanhado à distância todo o processo de cassação do prefeito de Campo Grande, Alcides Bernal (PP), em 2014.

O empresário teria pago propina a vereadores e ao então vice-prefeito, Gilmar Olarte (PROS). A senha para pagamento de propina pelo grupo era na linha do “vamos tomar um café”, daí o nome da operação.

Nove vereadores, um ex-vereador e três empresários foram alvos da operação. Também foram cumpridos 17 mandados de busca e apreensão na época, além do afastamento do Prefeito Gilmar Olarte(PP) e do presidente da Câmara Municipal da Capital, Mário Cesar de Oliveira(PMDB).

Os dois esquemas ainda estão em investigação e a PF segue com a expectativa de que os “cafés” tornem-se um pouco mais amargos aos envolvidos.