Parte da categoria não quer apoiar a greve porque isso representaria um posicionamento contra o governo Bolsonaro.

Caminhoneiros podem paralisar atividades por falta de condições de trabalho
Parte da categoria não quer apoiar a greve porque isso representaria um posicionamento contra o governo Bolsonaro. / Foto: Reprodução / IG

Os caminhoneiros não descartam fazer uma nova paralisação para reivindicar melhorias nas condições de trabalho, principalmente no aspecto dos preços dos combustíveis. Porém, mesmo com parte apoiando o presidente Jair Bolsonaro, a ideia não é causar novos tumultos, mas tentar reverter a situação atual.

Uma greve mais assídua está descartada, pois o país vive uma crise econômica ainda maior agravada pela pandemia do coronavírus, que bagunçou o Brasil por mais de dois anos.

“Mas com a situação em que o país está, e piorando cada vez mais, somos obrigados a fazer uma paralisação", disse Wallace Landim, o Chorão, um dos líderes da categoria em entrevista ao site Correio Braziliense.

Contudo, uma parte dos caminhoneiros já está sentindo o reflexo da falta de condições e está parando por conta própria.

Uma parte da categoria, conforme explicou Landim, não quer apoiar a greve porque isso iria representar um posicionamento contra o governo Bolsonaro. Mas o líder da categoria entende que é preciso fazer um movimento para que o presidente chame a responsabilidade para si.

“Mas a nossa luta não é contra o governo em si, eu mesmo fiz campanha para o presidente, votei nele. Na realidade, nós estamos cobrando que o chefe da Nação chame a responsabilidade dos preços dos combustíveis para ele mesmo”, disse.

Chorão explicou que a bandeira defendida por Jair Bolsonaro era uma, mas a partir do momento em que assumiu a presidência, o discurso mudou. "Ele tinha uma narrativa de que era realmente necessário mexer na política de preço da Petrobras, mas, quando ele entrou e sentou na cadeira, mudou o discurso", comentou.

E acrescentou dizendo que é um jogo de empurra-empurra a responsabilidade.  “A gente vem acompanhando a transferência de responsabilidade — tirando a culpa dele e colocando no Ministro de Minas e Energia e na própria Petrobras. Enquanto isso o povo fica sofrendo”.

O caminhoneiro Gustavo Ávila explicou que os grupos dos quais grande parte da categoria faz parte “estão impossíveis de acompanhar”. “Os caminhoneiros têm reclamado muito dos custos. A situação está insustentável. Não tem como trabalhar assim, apenas se quiser ter prejuízo."

“Independentemente se um dos líderes mandar, planejar uma greve ou não, a categoria vai ter que parar por falta de condição”, afirmou o caminhoneiro. Ávila comentou, contudo, que acredita na possibilidade de uma nova paralisação, mas não de uma greve. “Hoje, a situação está muito pior do que em 2018, porém há uma parte da categoria que não para porque acha que isso seria ir contra o presidente”, pontuou.