Apesar de críticas, nenhum vereador visitou a exposição

Câmara repudia MEC e Santander por exposição polêmica em Porto Alegre

Durante a sessão desta terça-feira (12), os vereadores de Campo Grande decidiram encaminhara uma moção de repúdio ao Banco Santander e ao MEC (Ministério da Educação e Cultura), em virtude da exposição “Queermuseu – cartografias da diferença na arte da brasileira”, que recebeu críticas de movimentos religiosos e do MBL (Movimento Brasil Livre).

A discussão na Câmara começou quando o vereador Papy (SD) manifestou sua indignação pelas obras que ele considerou como apologia ao sexo, à zoofilia, pedofilia e libertinagem.

“O que Jesus tem a ver com isso? É uma profanação exacerbada”, disponível a todos, fotos obscenas. Estão extrapolando limites do que é a família brasileira”, disse o vereador, que em seguida foi orientado, pelo presidente da Casa, vereador João Rocha (PSDB), a apresentar uma moção de repúdio.

Rocha afirmou que a exposição atenta contra os princípios e a moralidade. O Ministério da Educação entrou na baila do repúdio por ter patrocinado a exposição, por meio da Lei Rouanet.

Os tucanos Delegado Welington e André Salineiro endossaram as críticas, enquanto Ayrton Araújo (PT) chegou a afirmar que a sociedade está ‘queimando no fogo do inferno’.

“Até onde está chegando liberdade de expressão? Está chegando nas práticas desses miliantes e profanadores do mal, que não são punidos”, disparou Salineiro.

Pastor da IURD (Igreja Universal do Reino de Deus), o vereador Gilmar da Cruz (PRB), afirmou que a obras expostas em Porta Alegre, na exposição que já foi cancelada, ridicularizavam a religião e mostravam até sexo com animais.

“Quem vai defender os animais?”, questionou o pastor, que emendou que até mesmo ‘o grupo LGBT’ teria ficado ‘triste’ com a exposição’. “Isso é crime. A família brasileira está constrangida”.

Diferente dos colegas, o vereador Valdir Gomes (PP) frisou que são crimes cometidos aqui mesmo, em Campo Grande, que merecem repúdio, citando casos recentes de abusosde crianças, como a morte do menino Kauan e do garoto de 12 anos estuprado pelo professor de teatro.

Apesar das críticas nenhum dos vereadores foi até Porto Alegre ver as obras de arte.

Reincidência

Não é a primeira vez que manifestações artísticas causam celeuma na Câmara Municipal. Em 2006, durante a gestão do ex-governador Zeca do PT, a exposição do artista campo-grandense Evandro Prado, atualmente radicado em São Paulo, foi alvo de ataques não só dos vereadores, mas também da comunidade católica de Campo Grande, que chegaram a processar o Marco (Museu de Arte Contemporânea de Mato Grosso do Sul).

'Habemus Cocam', exposição de Prado, recorria a imagens sacras de figuras históricas como Jesus Cristo e Nossa Senhora Aparecida, e por isso foi interpretada como profanação e blasfêmia por representantes da Igreja Católica (dentre eles, o Grupo de Defesa Católica) e por um grupo de vereadores.

Liderados, na época, por Paulo Siufi (ex-PRTB, atual PMDB), os vereadores moveram tentativa de 'moção de repúdio' contra a exposição, a fim de impedir sua continuidade. Na ocasião, Siufi foi seguido por pelos então vereadores Professor Rinaldo, Edil Albuquerque, Cabo Almi, Pastor Sérgio e Carlos Marun, dentre outros. A exposição, no entanto, seguiu aberta à visitação até a data prevista inicialmente.

(Colaborou Guilherme Cavalcante)