Está mais que provado: sem desenvolvimento científico e tecnológico, o Brasil não chegará a lugar algum e isto vale, principalmente, para o setor agropecuário nacional.

A avaliação é do engenheiro agrônomo Alexandre Sylvio Vieira da Costa, professor adjunto da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (MG).

Em sua opinião, após a realização da Conferência Mundial do Clima – COP 21, em novembro, em Paris, uma constatação ganhou mais força: o Brasil tem mesmo um papel importante neste cenário, principalmente porque tudo indica que será o maior produtor de alimentos do planeta. Para tanto, o caminho é longo e difícil de percorrer.

“A população mundial cresce a cada dia e todos precisam de alimentos, roupas, remédios e tecnologia. Dar conta de produzir tudo que o ser humano precisa, a um custo acessível, sem degradar o meio ambiente e ainda promover as mudanças climáticas, é muito complexo”, alerta.

O professor exemplifica: “Para produzir o arroz em quantidade e qualidade, é preciso sementes geneticamente eficientes, tratores para preparo do solo e plantio, utilizando combustível para esta atividade.

Fertilizantes químicos, a maioria importados, tendo de ser transportados milhares de quilômetros de navio, caminhão, trem até chegar à propriedade rural.

Tem o defensivo agrícola para combater as pragas e doenças, a irrigação com equipamentos que consomem energia, tem a colheita que usa máquinas que consomem combustível, o transporte, o processamento (tirar a casca e polir o grão)”.

Ele continua: “Tem o armazenamento em grandes silos. Tem o ensacamento, o transporte até o distribuidor e ao supermercado, tem a compra pelo consumidor, o preparo e finalmente o consumo.

E ainda temos o ciclo do feijão, milho, trigo, e diversos outros produtos que devem seguir cadeias longas e complexas até chegar a sua mesa.

Com tudo isto o produtor ainda deve proteger, por lei, a sua reserva legal, as áreas de proteção permanente, os rios e fontes hídricas”.

Na opinião de Costa, “apesar deste complexo funcionamento da engrenagem logística, ela deve ser melhorada continuamente, aprimorando os sistemas de produção e aumentando a produtividade, considerando que o tamanho da população aumenta vertiginosamente e cada vez mais exigente”.

VALORIZAÇÃO DAS UNIVERSIDADES

Para acompanhar este crescimento, o professor ressalta que as universidades e os centros de pesquisa do País e do mundo devem conservar e ampliar suas pesquisas científicas continuamente, criando plantas, fertilizantes e máquinas agrícolas sempre mais eficientes, para produzir cada vez mais e a baixo custo.

“Países desenvolvidos investem muito em ciência e tecnologia e colhem seus frutos relativos à geração do conhecimento, por intermédio das patentes e vendas destas tecnologias, além, é claro, de aumentar sua produtividade interna de alimentos.”

O professor ainda afirma que “quem controla o conhecimento científico e tecnológico está à frente de todas as demais nações dependentes de tecnologia”.

“Algumas pessoas que necessitam de certos remédios, inexistentes no Brasil, importam medicamentos, mesmo custando uma fortuna.

Por conta disto, os países asiáticos passaram a investir pesado em desenvolvimento tecnológico com a criação de universidades e pessoal qualificado para o desenvolvimento tecnológico.

Por causa disto, devemos valorizar as nossas universidades, não apenas como formadora de bons profissionais, mas também como geradora de novas tecnologias para o desenvolvimento do País.”