País superou sete das oito objetivos implementados em 2000; principal objetivo era o combate à pobreza extrema e à fome.

O Brasil se antecipou ao prazo limite para o cumprimento dos oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) assumidos na Organização das Nações Unidas (ONU), em 2000, e se prepara para assumir na próxima semana os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

O novo compromisso será firmado pela presidente Dilma Rousseff na reunião da Cúpula do Desenvolvimento Sustentável da ONU, que irá ocorrer nos Estados Unidos entre a próxima sexta-feira (24) e o domingo (27).

“O Brasil está muito bem posicionado no alcance dos ODM. O sucesso do Brasil foi realmente diferente”, afirma o assessor sênior da ONU no País, Haroldo Machado.

Os ODM foram assumidos por 164 países dispostos a atingir 50% das populações vulneráveis em relação a oito áreas: redução da pobreza; universalização do ensino básico; igualdade entre os sexos e autonomia das mulheres; reduzir a mortalidade na infância; melhorar a saúde humana; combater a aids, a malária e outras doenças; garantir a sustentabilidade ambiental; e estabelecer uma parceria mundial para o desenvolvimento.

O Brasil superou sete dos oito objetivos, faltando apenas atingir os objetivos envolvendo a mortalidade materna. Mas, de acordo com Machado, o principal objetivo era o combate à pobreza extrema e à fome.

“São duas questões que no Brasil dos últimos anos houve uma série de programas e políticas sociais nesse sentido”, diz.

“Houve então uma grande aderência nos programas do governo federal em relação a essa agenda. Em vários dos objetivos o Brasil não só cumpriu como superou as objetivos que estavam desenhadas”, avalia o representante da ONU.

O governo brasileiro irá, agora, ser um dos países signatários dos 17 ODS que a ONU propõe para serem atingidos até 2030.

Mas diferentemente das objetivos anteriores, que focaram no atendimento a 1 bilhão de pessoas em situação de risco social em países em desenvolvimento até dezembro de 2015, a proposta atual visa atingir as 7 bilhões de pessoas que ocupam o globo terrestre – incluindo os países desenvolvidos.

Para isso, o documento “Transformando Nosso Mundo Agenda 2030 Desenvolvimento Sustentável” será apresentado na próxima semana contendo cinco eixos: Pessoas, Planeta, Prosperidade, Paz e Parcerias.

Esses eixos estão contemplados nos 17 ODS, que são formado por 169 objetivos. “Temos consciência que essa agenda é mais ampla e complexa e, por isso, impõe mais desafio”, observa.

A costura diplomática para a aprovação dessas objetivos, segundo Machado, vem ocorrendo desde a realização da conferência Rio+20, realizada no Brasil em 2012. O documento final deve ser aprovado por aclamação na cúpula da ONU.

“Esperamos que esse novo objetivo de metas seja aprovado, agora com 17 objetivos muito mais ambiciosos, cobrindo o desenvolvimento social, econômico e ambiental”, afirma Machado.

A ONU deve fazer também uma série de ações de marketing para estimular as pessoas a assumirem esses objetivos de desenvolvimento, especialmente no que envolve consumo consciente e combate à pobreza.

A campanha chamada Project Everyone está sendo conduzida pelo cineasta britânico Richard Curtis, famoso por dirigir o filme "Simplesmente Amor" e por ter assinado o roteiro de "Um Lugar Chamado Notting Hill".

“Temos a oportunidade de ser a primeira geração que pode acabar com a fome no mundo”, sugere o representante da ONU no Brasil.