Também pesa o fato de Bolsonaro ter certa predileção pelo general Braga Netto.

Bolsonaro teme chamar Tereza Cristina para vice e entregar Senado a Mandetta
Bolsonaro está dividido entre Tereza Cristina e o general Braga Netto, / Foto: Adriano Machado/Akos Stiller/André de Abreu/Wesley Ortiz

Mais do que estratégias baseadas em influência, dinheiro e habilidades, política também é território das emoções, com brigas de egos e muitas reviravoltas. É assim que um problema muito mais pessoal do que racional impede Tereza Cristina (PP), deputada federal por Mato Grosso do Sul e ‘musa’ do agronegócio, de ser vice na chapa do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Apesar de ser excelente em seu trabalho político, popular entre os produtores rurais e um investimento no público feminino, Tereza Cristina não foi convidada oficialmente para ser vice porque Jair Bolsonaro teme entregar, ‘de bandeja’, uma vaga no Senado para o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (União-MS).

São vários pré-candidatos na disputa pela única vaga de Mato Grosso do Sul liberada nestas eleições, mas o presidente teme a popularidade de Mandetta, que ficou conhecido nacionalmente por bater de frente com o governo durante o início da pandemia da covid-19. De aliado, que ajudou a preparar o projeto de governo, Henrique virou persona non grata.

Também pesa o fato de Bolsonaro ter certa predileção pelo general Braga Netto. Caminhar com Tereza significaria se distanciar dos militares, que se dividem entre sentir certa perda de influência dentro do governo ou agradecer o afastamento providencial de uma gestão que não é lá das mais populares.

Segundo a jornalista Juliana Braga, da Folha de S. Paulo, Braga Netto está tão alinhado com o presidente que não vai entender como desfeita, apenas uma jogada estratégica para conter o crescimento do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT), que já oficializou Geraldo Alckmin (PSB) como vice.

Mas Bolsonaro permanece dividido e a indecisão é um obstáculo a ser superado para deslanchar a pré-campanha pelo Brasil. Capitaneia a negociação, Valdemar da Costa Neto, presidente do PL, que esteve reunido com o filho do presidente, Flávio Bolsonaro (PL-RJ), nesta quarta-feira (15). Ciro Nogueira, presidente do PP, acompanha a movimentação apenas à distância para não dar a entender que está pensando apenas em si mesmo.