Relatórios da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen) indicam que o traficante manteve influência e atividades criminosas mesmo em regimes de segurança máxima.

Luiz Fernando da Costa, conhecido como Fernandinho Beira-Mar, continua sendo apontado como uma das principais lideranças do Comando Vermelho, mesmo após quase duas décadas sob custódia do sistema prisional federal. Relatórios da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen) indicam que o traficante manteve influência e atividades criminosas mesmo em regimes de segurança máxima.
Preso desde 2002, Beira-Mar inaugurou o sistema penitenciário federal em 2006, sendo o primeiro detento da unidade de Catanduvas (PR). Ele passou duas vezes pela Penitenciária Federal de Campo Grande — entre 2007 e 2010 e novamente de 2019 a 2024 —, onde cumpriu parte das penas que somam mais de 300 anos.
De acordo com documentos obtidos por O Globo, entre 2014 e 2016, período em que esteve preso em Porto Velho (RO), Beira-Mar conseguiu se comunicar com o exterior usando familiares e advogados. Mensagens foram encontradas escondidas em marmitas, fato que deu origem à Operação Epístola, em 2017, resultando em sua transferência para a unidade de Mossoró (RN), onde manteve contato com integrantes do PCC.
Mesmo sob o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) em Campo Grande, relatórios de 2022 apontam que o preso continuava custeando despesas jurídicas de comparsas e articulando negócios fora da prisão. Os documentos também registram que ele alegava perseguição por parte de agentes e apresentava sinais de desgaste psicológico.
Em 2023, Beira-Mar passou por avaliação psiquiátrica e afirmou sofrer maus-tratos no presídio de Mato Grosso do Sul. Seu então advogado, Luiz Gustavo Battaglin Maciel, confirmou poucos encontros com o cliente e não integra mais a defesa. Outros defensores não foram localizados.
A Senappen afirmou que toda comunicação dentro das penitenciárias federais é monitorada e ocorre apenas com autorização judicial. O órgão reforçou que o sistema federal foi criado justamente para impedir a atuação de lideranças criminosas, com base em isolamento individual e vigilância permanente.
Olá, deixe seu comentário!Logar-se!